ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 26.02.1996.
Aos vinte e
seis dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João
Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz,
Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila,
Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo,
Letícia Arruda e Darci Campani. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas
em avulsos cópias da Ata da Segunda Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA
foram encaminhados: pelo Vereador Elói Guimarães, Requerimento solicitando a
renovação de votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 48/95 (Processo nº
1297/95); pelo Vereador João Dib, 02 Pedidos de Informações nºs 22 e 23/96
(Processo nºs 443 e 444/96); pelo Vereador Luiz Braz, 01 Projeto de Lei do
Legislativo nº 06/96 (Processo nº 463/96); pelo Vereador Nereu D’Ávila,
Substitutivo nº 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 270/91 (Processo nº
3138/91). Na oportunidade, foram deferidos os seguintes Requerimentos
solicitando desarquivamento: da Vereadora Clênia Maranhão, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 122/95 (Processo nº 2317/95); pelo Vereador Guilherme Barbosa,
os Projetos de Lei do Legislativo nºs 34 e 57/95 (Processos nºs 977 e 1458/95)
e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 26/95 (Processo nº 2282/95);
pelo Vereador Fernando Záchia, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
12/95 (Processo nº 1462/95); pelo Vereador José Valdir, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 04, 06, 07, 08, 29, 152, 271/91 (Processos nºs 90, 92, 93, 94,
524, 1799, 3167/91) e os Projetos de Lei Complementar do Legislativo nºs 01,
07, 59/91 (Processos nºs 95, 525, 3185/91); pela Vereadora Maria do Rosário, os
Projetos de Lei do Legislativo nº 02/93 (Processo nº 136/93), nº 82, 96, 113,
141/95 (Processo nºs 1801, 1995, 2196, 2441/95) e o Projeto de Lei Complementar
do Legislativo 11/94 (Processo nº 782/94); pelo Vereador Nereu D’Ávila, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 140/93 (Processo nº 2708/93), 91, 153/95
(Processo nºs 1926 e 2555/95), o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 04/95
(Processo nº 2369/95) e o Projeto de Resolução nº 43/95 (Processo nº 2379/95);
pelo Vereador Paulo Brum, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 28, 90, 118,
119, 140, 150/95 (Processos nºs 852, 1925, 2296, 2297, 2438, 2526) e o Projeto
de Lei do Legislativo nº 144/94 (Processo nº 2488/94); pelo Vereador Reginaldo
Pujol, o Projeto de Resolução nº 45/95 (Processo nº 2557/5). Ainda, foram
deferidos os Requerimentos: do Vereador Mário Fraga, solicitando a inclusão na
Ordem do Dia do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 20/95 (Processo
nº 1892/95); Reginaldo Pujol, solicitando a retirada da Ordem do Dia do Projeto
de Lei do Legislativo nº 139/95 (Processo nº 2426/95). Do EXPEDIENTE constaram:
Ofícios nºs 01/96, do Vereador Fernando Záchia, 04/96, da Câmara Municipal de
Coronel Bicaco-RS, 325/96, do Secretário Municipal de Obras e Viação, s/nº, dos
familiares do Senhor Antônio Zaffari. Em continuidade, foi apregoada a Licença
para Tratamento de Saúde do Vereador Pedro Ruas no período de vinte e seis de
fevereiro a três de março do corrente ano, dando posse, o Senhor Presidente, à
Suplente Letícia Arruda e informando que Sua Excelência integrará a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação. Na ocasião, foi aprovada Requerimento
verbal da Vereadora Maria do Rosário, solicitando a realização de um minuto de
silêncio pela morte do escritor Caio Fernando Abreu, ocorrida na data de ontem.
Ainda, foi acolhida pelo Senhor Presidente a solicitação do Vereador Milton
Zuanazzi para que as homenagens prestadas ao escritor Caio Fernando Abreu
fossem entendidas ao desportista Aparício Vianna e Silva falecido na última
sexta-feira. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão: o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 34/94, o
Substitutivo nº 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 270/91, discutido pelos
Vereadores Clóvis Ilgenfritz, Nereu D’Ávila, João Dib, Edi Morelli e Maria do
Rosário, o Projeto de Lei do Executivo nº 02/96, os Projetos de Lei do
Legislativo nº 04 e 05/96, o Projeto de Lei do Executivo nº 16/95, discutido
pelo Vereador João Dib, os Projetos de Resolução nºs 03 e 04/96. Em COMUNICAÇÃO
DE PRESIDENTE, o Vereador Isaac Ainhorn disse ter esta Casa assumido o
compromisso de institucionalizar o Orçamento Participativo nesta Cidade,
reconhecendo seus aspectos positivos para os porto-alegrenses. Ainda, reivindicou
urgência na constituição de Comissão Especial para estudar essa institucionalização.
A seguir, foram apregoadas pela Mesa: de autoria do Vereador Artur Zanella, a
Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 50/95
(Processo nº 2089/95); do Vereador Guilherme Barbosa, Emendas nºs 04 e 05 ao
Projeto de Lei do Executivo nº 70/93 (Processo nº 2444/93). Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Luiz Braz referiu-se ao pronunciamento da Vereadora Maria do
Rosário, no período de Pauta, acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº
270/91, dizendo que, com a implantação do Orçamento Participativo, diminuiu a
influência e o poder de fiscalização desta Casa sobre as questões da Cidade. O
Vereador Henrique Fontana, reportou-se ao debate em torno do Orçamento
Participativo, dizendo que a população questiona a democracia participativa e
que o orçamento público tem sido discutido sem democracia direta no Congresso
Nacional. O Vereador Reginaldo Pujol comentou os pronunciamentos anteriores
acerca do Orçamento Participativo, afirmando que a Cidade necessita de melhores
condições nas áreas de transporte, saúde, abastecimento de água, enquanto que
nesta Casa se debate a instituição desse orçamento. O Vereador Pedro Américo
Leal propugnou pela institucionalização do Orçamento Participativo, lamentando
a falta de atenção ao seu pedido de asfaltamento da Rua Silva Jardim. Disse que
com essa forma de participação da Câmara juntamente com a população, haverá
maior conciliação entre os Poderes Legislativo e Executivo. O Vereador Airto
Ferronato afirmou ser correta a forma como vem sendo elaborado o Orçamento
Participativo, ressaltando ser importante para ambos os poderes essa
participação com a intenção de aprimorar esse processo. O Vereador Dilamar
Machado historiou a respeito da idéia do Orçamento Participativo, dizendo ter
sido em Pelotas a sua origem e posteriormente adotado pela Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, durante o governo de Alceu Collares, quando foram criados os
conselhos populares. Ainda, criticou a atuação da Administração Municipal na
organização do Orçamento Participativo. O Vereador Raul Carrion comentou acerca da implantação do Orçamento
Participativo dizendo, ainda, ser um direito do povo decidir a respeito das
necessidades da Cidade. Às quinze horas e cinqüenta e quatro minutos o Senhor
Presidente declarou vago o cargo de 1º Secretário, suspendendo os trabalhos
para apresentação dos candidatos que concorrerão ao mencionado cargo. Às dezesseis
horas, os trabalhos foram retomados e apregoada a indicação do Vereador Fernando
Záchia ao cargo de 1º Secretário da Mesa. Em votação, foi eleito o Vereador Fernando
Záchia, por vinte e dois Votos SIM contra oito Votos NÃO, tendo votado Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn,
João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Milton
Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion,
Reginaldo Pujol, Wilton Araújo e Letícia Arruda, votado NÃO, Clóvis Ilgenfritz,
Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta, João Verle,
José Valdir, Maria do Rosário, tendo votado com Declaração de Voto toda Bancada
do PT. Tendo em vista o resultado da votação, o Vereador Fernando Záchia
renunciou à Presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Logo após a
eleição, de acordo com o artigo 94, § 1º, “f”, Tempo Especial, o Vereador
Fernando Záchia disse ser um momento difícil pois se obriga a renunciar a
Presidência da Comissão de Constituição e Justiça para exercer o cargo de 1º Secretário,
solicitando a colaboração dos funcionários e Vereadores para o pleno desempenho
de suas funções. Em prosseguimento, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião,
foram apregoadas as Subemendas 01 e 02 à Emenda nº 03 ao Projeto de Lei do Executivo
nº 70/93, bem como aprovado o Requerimento solicitando sejam as Subemendas
supra apregoadas dispensadas do envio às Comissões para apreciação, ambos de
autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Ainda, foi apregoado destaque à expressão
“e quando necessário, restringir-se-ão a lavratura de auto de constatação
circunstanciado e a advertência para a cessão imediata da infração”, constante
da Emenda nº 01, de autoria do Vereador João Dib. Também, foi aprovado
Requerimento de autoria do Vereador Guilherme Barbosa solicitando sejam as
Emendas nºs 04 e 05 ao Projeto de Lei do Executivo nº 70/93, dispensadas do
envio às Comissões. Em Questão de Ordem, o Vereador Darci Campani questionou
acerca da distribuição de cópias xerográficas aos Senhores Vereadores no
Plenário. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado, com ressalva das Emendas
e Subemendas, o Projeto de Lei do Executivo nº 70/93, após ser discutido pelos
Vereadores Guilherme Barbosa, Jocelin Azambuja, João Dib, a ser encaminhado à
votação pelo Vereador Guilherme Barbosa. A seguir, foram aprovadas as seguintes
Emendas e Subemendas: Emenda nº 01, com ressalva do Destaque que foi rejeitado
por doze Votos SIM contra dezesseis Votos NÃO, votando Sim os Vereadores Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Henrique Fontana,
João Motta, João Verle, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Américo Leal,
Raul Carrion e Letícia Arruda, votando Não, Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt,
Clênia Maranhão, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Dib, Jocelin
Azambuja, José Valdir, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Milton Zuanazzi, Nereu
D’Ávila, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo, Darci Campani, sendo,
portanto, retirado do texto; Emenda nº 02, em votação nominal solicitada pelo Vereador
Guilherme Barbosa, por dezessete Votos SIM contra onze Votos NÃO, tendo votado
Sim os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Dilamar
Machado, Elói Guimarães, Fernando Záchia, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul
Carrion, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo, Letícia Arruda, votado Não, Antonio
Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Henrique
Fontana, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário
e Darci Campani; Emenda nº 03, em votação nominal solicitada pelo Vereador
Guilherme Barbosa, por dezesseis Votos SIM contra doze Votos NÃO, tendo votado
Sim os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Dilamar
Machado, Elói Guimarães, Fernando Záchia, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz
Braz, Luiz Negrinho, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo
Pujol, Wilton Araújo e Letícia Arruda, votado Não, Antonio Hohlfeldt, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Motta,
João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Raul Carrion, Darci
Campani, prejudicando parcialmente a Emenda nº 05; Emenda nº 04; Emenda nº 05,
em sua parte não prejudicada, em votação nominal solicitada pelo Vereador Isaac
Ainhorn, por quinze Votos SIM contra doze Votos NÃO, tendo votado Sim os
Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana,
João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Raul
Carrion e Darci Campani, votado Não, Artur Zanella, Dilamar Machado, Elói
Guimarães, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Nereu D’Ávila, Paulo Brum,
Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Wilton Araújo e Letícia Arruda; Subemendas
01 e 02 à Emenda nº 03. Logo após, foi aprovado Requerimento de Renovação de
Votação do Projeto de Lei do Legislativo nº 48/95, de autoria dos Vereadores
Elói Guimarães e Jocelin Azambuja, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Elói Guimarães, Antonio Hohlfeldt, Luiz Braz e Pedro Américo Leal.
Também, foi aprovado Requerimento nº 28 (Processo nº 509/96), de autoria da
Mesa Diretora, solicitando realização de Sessão Solene dia vinte e seis de março
do corrente ano, destinada a comemorar o aniversário da Cidade de Porto Alegre.
Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Clóvis Ilgenfritz teceu considerações acerca
da política neoliberal que atinge os países da América Latina, bem como sobre
as próximas eleições, propugnando pela reunião de forças populares para lutar
para a melhoria da qualidade de vida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Antonio Hohlfeldt registrou a morte de Caio Fernando Abreu, ocorrida no dia de
ontem, discorrendo sobre sua vida e seu trabalho como escritor e dizendo ser
este um nome de referência no Brasil. Às dezoito horas e três minutos, encerrado
o tempo regimental, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Edi
Morelli, Mário Fraga e secretariados pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Fernando
Záchia, Mário Fraga e Dilamar Machado, os dois últimos como Secretários “ad
hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
ERRATA
ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 26.02.1996.
- Durante a
ORDEM DO DIA, deve ser alterado o registro do resultado da votação da Emenda nº
05 ao Projeto de Lei do Executivo nº 70/93, tendo em vista que esta Emenda foi
aprovado por “quinze votos SIM e doze votos NÃO” e não por “quinze votos SIM e
onze votos NÃO”, como consta.
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli) : A
Mesa defere os seguintes Requerimentos, solicitando desarquivamento: da Vera.
Clênia Maranhão, relativamente ao PLL nº 122/95; do Ver. Guilherme Barbosa,
relativamente aos PLLs nºs 34 e 57/95 e ao PLCL nº 26/95; do Ver. Fernando
Záchia, relativamente ao PLCL nº 12/95; do Ver. José Valdir, relativamente aos
PLLs nºs 04, 06, 07, 08, 29, 152, 271/91 e aos PLCLs nºs 01, 07 e 59/91; da
Vera. Maria do Rosário, relativamente aos PLLs nºs 02/93, 82, 96, 113, 141/95 e
ao PLCL nº 11/94; do Ver. Nereu D’Ávila, relativamente aos PLLs nºs 140/93, 91,
153/95, ao PELO nº 04/95 e ao PR nº 43/95; do Ver. Paulo Brum, relativamente
aos PLLs nºs 28, 90, 118, 119, 140, 150/95 e ao PLL nº 144/94; do Ver. Reginaldo
Pujol, relativamente ao PR nº 45/95.
Deferidos, ainda, Requerimento de autoria do Ver. Mário Fraga,
solicitando a inclusão na Ordem do Dia do PLCL nº 20/95, e Requerimento de
autoria do Ver. Reginaldo Pujol, solicitando a retirada da Ordem do Dia do PLL
nº 139/95.
Requerimento do Ver. Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde no período de 26.02 a 03.03.96.
(Obs.: Foi apregoado Requerimento de Licença do Ver. Pedro Ruas e empossado
o Suplente, conforme consta da Ata.)
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO
(Requerimento) : Sr. Presidente, requeiro no sentido de que a Câmara Municipal, nesta
Sessão, realize um minuto de silêncio em homenagem ao escritor Caio Fernando
Abreu, que, neste momento, está sendo velado e enterrado na Cidade de Porto
Alegre.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Srs. Vereadores, solicito que, de pé, façamos um minuto de silêncio em
memória do escritor Caio Fernando Abreu.
(É feito um minuto de silêncio.)
Passamos, a seguir, à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2422/94 -
SUBSTITUTIVO Nº 01 ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº
034/94, ambos
de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que cria o Conselho Municipal de Cultura,
com base na Lei Orgânica do Município e das Leis Complementares nºs 267 e 293,
de 16.01.1992 e 28.04.1993, respectivamente, oficializa a Conferência Municipal
de Cultura, e dá outras providências.
PROC. 3138/91 -
SUBSTITUTIVO Nº 02 ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 270/91, ambos de autoria do Ver.
Clovis Ilgenfritz, que institui a participação da população no processo de
elaboração orçamentária do Município de Porto Alegre.
PROC. 0274/96 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 002/96, que cria função regida pela
Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao Quadro Celetista em Extinção,
no Departamento Municipal de Habitação, e dá outras providências (Motorista).
PROC. 0440/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 004/96, de autoria do Ver. João
Motta, que denomina Rua Progresso um logradouro irregular localizado na Vila
Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Sarandi.
PROC. 0441/96 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 005/96, de autoria do Ver. João
Motta, que denomina Rua Esperança um logradouro irregular localizado na Vila
Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Sarandi.
PROC. 0637/95 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
016/95, que
autoriza, na forma do artigo 12, parágrafo único, da Lei Orgânica do Município
de Porto Alegre, a alienação de próprio municipal, localizado na Rua João
Alfredo, onde existiu o número 716, independentemente de licitação.
PROC. 0368/96 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 003/96, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que concede o
título honorífico de Líder Comunitário ao Sr. Amaury Colares Osório.
PROC. 0369/96 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/96, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui o
Prêmio Tradicionalista Glauco Saraiva, a ser concedido anual e individualmente,
e concede-o, no exercício de 1996, ao
jornalista, escritor e compositor Antônio Augusto Fagundes.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Clóvis
Ilgenfritz para discussão de Pauta.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Estamos em 1996. É o sexto ano que tramita o processo nº 3138/91,
PLL 270/91, que refere-se à institucionalização da participação da população no
processo de elaboração orçamentária no Município de Porto Alegre.
Este projeto, ano após ano, foi sendo retirado pelo autor em função de
uma discussão que se estabeleceu no Executivo Municipal, no nosso partido, e na
própria bancada. Durante todo este período, entretanto, não houve uma resposta
objetiva do nosso Governo, e nem um debate efetivo que envolvesse este Vereador
e a bancada no processo de discussão para se estabelecer se tem ou não que
fazer uma lei que garanta essa conquista da população de Porto Alegre que é o
Orçamento Participativo, que é a discussão do Orçamento, dessa caixa preta que
estava colocada sempre como um documento técnico, absolutamente impenetrável
pela maioria da população, a não ser por setores que sempre tiveram interesse
em que o Orçamento ficasse no âmbito de uma comissão técnica e sob a influência
dos setores que desfrutaram das benesses do sistema, privatizando o Estado e
garantindo que os investimentos fossem nas áreas que esses setores achavam mais
importantes.
O advento do processo da discussão iniciado no Governo Olívio, quando
este Vereador era Secretário do Planejamento, em 1989, veio-se aperfeiçoando e
tornou-se uma conquista que hoje todo o País, para não dizer apenas o Estado,
tem interesse em discutir, inclusive, no Congresso Nacional e no Senado
Brasileiro.
Volto com o projeto neste momento, porque consideramos importante o que
está acontecendo, inclusive, em função de uma atitude que vem sendo liderada
pelo presidente da Casa, Ver. Isaac Ainhorn, que tem demonstrado o maior
interesse em levar isso adiante. Para nós isso foi importante. Só que nós
queremos deixar muito claro para o plenário, para a comunidade de Porto Alegre,
que o nosso interesse é apenas institucionalizar o orçamento e não aquilo que
alguns já pensam, já estão falando equivocadamente, de regulamentar o seu
funcionamento. A regulamentação, no nosso entender, deve ser feita pelo
movimento comunitário, nem pelo Executivo e nem pelo Legislativo. São questões
fundamentais. Eu permaneço com o meu projeto até o momento em que eu sentir que
esse processo pode ser modificado. Eu já estive com a bancada, já estive com o
governo em sua totalidade, e disse claramente que não tenho interesse em
regulamentar, engessar o movimento popular, num processo que eu acho que está
na conquista espontânea e que o Executivo proporcionou. Mas nem o Executivo nem
o Legislativo podem ficar manipulando com esse processo. Eu entendo que a
Câmara está certa em discuti-lo. Entendo que a lei deve existir, deve ser
genérica, que apenas diga que é garantido o direito da comunidade em discutir
anualmente, por regiões da cidade e, fundamentalmente, estabelecer as prioridades
de investimento.
Acho que o interesse manifestado pelo Ver. Nereu D’Ávila, com o projeto
substitutivo, agora com o segundo substitutivo feito por este Vereador, vai
enriquecer muito a nossa discussão. Eu tenho certeza de que vai ser, quem sabe,
um dos projetos, em nível político, mais importante do município neste
quadriênio. Eu voltarei, sempre que possível, para discutir esse assunto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, discordo fundamentalmente de tudo o que o Vereador que me antecedeu
na tribuna disse. Ocorre que S .Exa. quis apenas fazer picuinha para chamar a
atenção do seu partido, coisa que não interessa a esta Casa. Ele fez um
projeto, mas não para institucionalizar ou para regulamentar o Orçamento
Participativo que é absolutamente necessário sim. Ele disse que não quer
regulamentar, e eu digo que ele deve ser regulamentado. Vai ser regulamentado
por esta Casa.
Esta Casa já perdeu a oportunidade de se debruçar sobre o assunto, e o
Ver. Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, fez um bem muito grande levantando
essa questão. Discordo, também, do Ver. Clovis, quando diz que o Ver. Isaac
Ainhorn está liderando a questão. O que ocorre é que o Ver. Isaac tem profundas
vinculações e ligações com a mídia. Muitos de nós não temos tanto assim, e ele,
como Presidente, duplicou essa vinculação e a usou com muita oportunidade e
muita capacidade, para veicular esse grande assunto de grande importância para
a Cidade: o Orçamento Participativo. S. Exa. fez um bem usando o seu prestígio
em torno desse assunto. Agora, o Ver. Clovis quer pegar carona na projeção do
assunto, para entrar com o seu Projeto, que, aliás, não é um projeto, são apenas
algumas frases laudatórias ao Orçamento Participativo.
Quando apresentei o primeiro Substitutivo, S. Exa. copiou,
literalmente, algumas coisas boas. Coisas boas, porque estudei, com as forças
oposicionistas, o processo do Orçamento Participativo, e fiz algumas inovações.
Leio-as rapidamente, porque V. Exa. terão oportunidade de verificar no próprio
processo. Uma delas: as obras não concluídas no mesmo ano. Atualmente o que é
que acontece? Se são cinco as obras prioritárias, a Prefeitura realiza três, e
as outras duas vão para as calendas gregas; não continuam no ano seguinte,
prejudicando as populações reivindicantes. Outra coisa: as minorias não
contempladas. Aqui nesta tribuna, o eixo da Baltazar e a Grande Cruzeiro
fizeram grandes reclamações. A Grande Cruzeiro, na parte de baixo, elegeu 30
delegados e, na parte de cima, 70 delegados, e todas as obras vão para a parte
de cima, não contemplando a parte de baixo. Temos que obrigar a Prefeitura a
respeitar as minorias, senão a democracia não estará completa. Outra questão: a
presença dos técnicos da Prefeitura. Não adianta as comunidades legitimamente
se reunirem e não terem uma orientação técnica, porque às vezes fazem
postulações inadequadas. Outra questão é a participação deste Legislativo; não
há que esvaziar este Legislativo. O Orçamento Participativo tem aspectos, mas
não pode tirar o condão da representatividade popular, que é esta Casa, que
representa o povo de Porto Alegre. Portanto, ela tem que participar, de uma
maneira ou de outra, sim, e eu defendo isso no meu Substitutivo. Outra
modificação é a eleição dos conselheiros. Os conselheiros são verdadeiros
vereadores eles tem mais poder do que os Vereadores. Eles não são da
Prefeitura, eles são eles, e dou uma nova postura a essa eleição: eles não devem
ser eleitos pela população, porque aí há o democratismo. A Prefeitura coloca
ônibus e elege os conselheiros que quer. Não! Os delegados, que são eleitos por
dez eleitores já têm a raiz popular, e esses delegados, no meu Substitutivo, é
que vão eleger os conselheiros. Trago, então, cinco grandes modificações ao
Projeto do Ver. Clovis Ilgenfritz. Hoje estou entrando com um segundo Substitutivo,
tirando o meu primeiro, porque recebi mais informações, colhi novas questões, e
estou mais estudadamente apresentando um segundo Substitutivo, o de nº 3, em
cima do nº 2, do Ver. Clovis.
Quero dizer, também, que a questão do Orçamento não é somente engessar,
e até o Ver. Clovis disse aqui que não quer nem que regulamente, e que tem que
ser a população que regulamente. Não é a população que tem que regulamentar,
somos nós. Inclusive, temos que acabar com a história de os conselheiros terem
mais força do que a Câmara. Eles chamam os Secretários e técnicos da Prefeitura
e eles vão lá na hora. Nós temos que esperar duas a três semanas, temos que
esperar e agendar para que um Secretário venha aqui. O que estou dizendo é
absolutamente correto e foi-me dito por conselheiros do PT, que discordaram da
própria posição dos conselheiros da Prefeitura. Esses conselheiros têm que ter
uma participação e uma fiscalização desta Câmara. Em bom momento o Ver. Clovis
trouxe esse Projeto, que eu não considero um projeto, pois o Substitutivo dele,
copiando algumas questões minhas, melhorou, mas o primeiro Projeto dele são
apenas frases laudatórias ao Orçamento Participativo. Não era um projeto, agora
S. Exa. se antenou e está preocupado. Em muito boa hora esta Câmara vai entrar,
possivelmente, com uma Comissão Especial para aprofundar. Porque outra questão
é que as minorias, nesse processo, não são respeitadas, atualmente há 24
Conselheiros, dos 32, 24 são petistas, de camisetas e de estrela no peito. E os
outros que fazem oposição lá dentro são completamente marginalizados. E como eu
disse nas questões das zonas, as maiorias esmagam as minorias. Então, o mínimo
que se pode dizer atualmente do Orçamento Participativo é que ele não é
democrático como se quer apregoar aos quatro ventos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn) : O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Na Pauta do dia de hoje tem um pedido do Prefeito para alienar um
bem imóvel. E o faz baseado no art. 12 da Lei Orgânica do Município. Eu acho
que é chegada a hora de o Prefeito chamar o Sr. Rogério Favreto, que disse que
o Prefeito poderia adquirir, baseado nesse artigo se autoriza alienação dos
bens do Município, tem que fazer como antigamente as professoras primárias
faziam: escrever duzentas vezes o art. 12 da Lei Orgânica, para não cometer
mais equívocos. Especialmente quando ele quiser se dirigir a um Vereador que
conhece um pouquinho a Lei Orgânica. Agora, o Prefeito está mal assessorado,
com um Assessor Jurídico desses, eu não tenho dúvida nenhuma.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o sistema viário de uma cidade
não é diferente do sistema circulatório de cada um de nós. Nós temos veias,
vasos, e todos, é claro, precisam ser cuidados, todos precisam de cuidados. Um
vaso da minha mão pode romper e ficar uma mancha, no meu braço uma mancha, mas
há alguma coisa que não pode romper sem conseqüências graves, são as veias e
são as artérias. As pequenas veias e os pequenos vasos não têm problema nenhum
e é por isso que o Orçamento Participativo não me agrada de maneira nenhuma.
Ele deve ser institucionalizado sim, e não com a preocupação que dizem os
dirigentes prefeituras de que é para engessar a administração, não. A
responsabilidade é algo que se assume e não se transfere. Eu acho que essa
responsabilidade tem sido transferida em razão das nossa veias e das nossas
artérias. Nós passamos nas vilas asfalto de péssima qualidade, mas lá está. Nós
passamos em alguns lugares que não tem explicação por que tem asfalto, por
exemplo, a Gen. Barreto Viana, não tinha nenhum prédio, agora estão construindo
edifícios. Se responsabilidade se assume e não se transfere, a perimetral é
responsabilidade do Prefeito e da Administração. É aquela obra que representa a
grande veia, a artéria aorta que faz com que a vida da Cidade, a vida do
indivíduo fique problematizada.
Nós temos que consertar os nossos graves problemas, não como o “x” da
Rodoviária, que vai ser um problema maior ainda acho até que não passou no Orçamento
Participativo, porque estão gastando um bom dinheiro lá e o Secretário dos Transportes
dá boas explicações. Até ouvi dizer que iam colocar as paradas dos lotações e
também não as vi. Então, a Administração fala bastante, gasta bastante em
publicidade, comanda as reuniões do Conselho Participativo. Eleitoralmente, sem
dúvida de alguma, as nossas vilas recebendo asfalto - às vezes esquecendo de
fazer o esgoto - podem pensar que estão sendo bem tratadas, mas essas pessoas
das vilas também andam no transporte coletivo que fica emperrado por falta de
vias em condições. Então, quando se faz a perimetral, se faz para toda a
Cidade.
Eu queria ver essa Cidade se não tivesse passado aqui o Telmo Thompson
Flores. Eu queria ver essa Cidade se o Vilella não tivesse feito os corredores.
Se eles fossem perguntar, claro que as obras eram faraônicas, diziam os jornais
todos. A oposição ao Telmo Thompson Flores dizia que eram obras faraônicas, mas
ele estava tratando do sistema circulatório da Cidade. Tratava da Cidade. Às
vezes, até com antipatia porque dizia-se que não se fazia nada pelas vilas, mas
nós fizemos muita coisa pelas vilas, ninguém pode negar; nós fizemos mais
habitações do que estão sendo feitas agora, habitações dignas, não de 18 metros
quadrados, não de 36 metros quadrados com dois pavimentos, fizemos habitações.
Espero que o Orçamento Participativo possa ouvir, como se ouviu no passado
a população, mas que uma parte seja definida pelo Poder organizado. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Edi Morelli está com
a palavra para discutir a Pauta.
O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Orçamento Participativo gera uma polêmica, porque atualmente como
está é manipulado pelo PT.
Esse Orçamento Participativo que diz que tem a participação do povo não
tem, ele tem a manipulação do Governo. Foi provado nesta Casa a manipulação
através do ofício-convite que veio para esta Casa, portanto, nada melhor do que
trazer a discussão do Orçamento Participativo, para que realmente o povo tenha
a sua participação. Para que não aconteça também, Ver. Luiz Braz, coisas como a
que ocorreu com V. Exa. que foi solicitar água para uma vila da Lomba do
Pinheiro e mandaram que V. Exa. se encaminhasse ao Orçamento Participativo. São
aberrações que acontecem. Institucionalizando o Orçamento Participativo, elas
deixam de ocorrer.
Quero saber também se tenho que pedir ao Orçamento Participativo para
remendarem a Av. João Antônio da Silveira, onde foi aberta uma valeta. Como os
Governos Municipal e Estadual não assumem a responsabilidade da manutenção,
penso que teremos que buscar auxílio no Orçamento Participativo. Mas, como não
faço parte da Bancada Governista, fica difícil.
Assim, em boa hora está vindo para esta Casa a discussão do Orçamento
Participativo. Vamos discutir. Vamos buscar o que realmente é melhor para a
Cidade, e não buscar o que é melhor apenas para uma facção. Há vias que
necessitam de asfalto, porque possuem trânsito intenso, e há outras em que eles
colocam o asfalto na porta das residências - como é o caso do Morro Santa
Teresa - pondo em risco a vida dos moradores. E vão fazer a mesma coisa no
Parque Lavoura. Estão fazendo o trabalho que antecede a colocação do asfalto na
Av. Ver. Roberto Landell de Moura - o coitado do Ex-Vereador deve estar-se
revirando no túmulo, pelo que estão fazendo. Vai ficar o asfalto na beira das
portas. Não existe uma planificação como deveria ser.
É boa a hora em que o Orçamento Participativo vem para a discussão
nesta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, certamente que essa discussão empolga a todos nós, porque já
empolgou a Cidade. Mais do que tudo, essa discussão sobre a regulamentação,
institucionalização, ou abordagem dessa Câmara, sobre o processo do Orçamento
Participativo não pode ser feita sem trazermos aqueles que são agentes reais do
Orçamento Participativo na sociedade. Agora, essa proposta, depois de tantos
anos, está sendo tão cantada, e, parece-me, alcança à unanimidade que, até
então, não víamos em lugar nenhum.
O Orçamento Participativo, realmente, se afirmou como um patrimônio do
povo de Porto Alegre, como disse o nosso Presidente, no início dos trabalhos
legislativos, apesar da insistente e articulada oposição de setores desta Casa,
que não souberam, nos últimos, nos quais o Orçamento Participativo está
vigorando, reconhecer, no povo de Porto Alegre, o direito de formular o
Orçamento e de participar de todos os momentos da gestão da sua Cidade.
Do meu ponto de vista, essa mudança na Câmara Municipal de Porto Alegre
é, extremamente, importante e deve ser comemorada, porque ela, na sua maioria,
modifica a opinião, mas era bom que isto fosse dito aqui da tribuna: nós, que
fizemos a oposição, nos últimos anos, ao Orçamento Participativo, reconhecemos,
agora, que ele é um patrimônio do povo de Porto Alegre, apesar de não termos
contribuído para que ele se efetivasse.
Quero dizer, ainda, Srs. Vereadores, desta tribuna, que, do meu ponto
de vista o Orçamento Participativo, está absolutamente institucionalizado na
Cidade de Porto Alegre. O artigo 1º da nossa Lei Orgânica repete, praticamente,
a Constituição Federal, no parágrafo único, quando diz que “todo o poder do
Município emana do povo porto-alegrense, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Lei Orgânica”. O
legislador, e muitos dos senhores que trabalharam na formulação da Lei Orgânica
Municipal esta a sabedoria, colocou na Lei Orgânica o espaço da participação
direta da comunidade porto-alegrense, através dos conselhos que se organizam
nas diferentes áreas de ação, dos quais muitos projetos de minha autoria, bem
como dos senhores, de todas as bancadas e de todos os partidos, onde fizemos a
organização e a regulamentação dos conselhos de base de nossa Cidade. A questão
do Orçamento Participativo, Srs. Vereadores, é uma realidade e está
institucionalizado. Agora, o que quer a Câmara Municipal de Porto Alegre, neste
momento? O Ver. Clovis Ilgenfritz, apresentando um Projeto de Lei, diz que tipo
de institucionalização tem a propor. Faz o debate o Vereador (mesmo que eu não
concorde com a sua posição, às claras) junto com a comunidade, lá, junto com a
base do Orçamento Participativo.
Mas os Senhores Vereadores, que aqui defendem a regulamentação do Orçamento
Participativo, que é de fato o engessamento dele, que tipo de regulamentação
propõem? O Ver. Isaac Ainhorn fez oposição ao Orçamento Participativo; agora,
que tipo de regulamentação propõe?
Na minha opinião, Srs. Vereadores, a regulamentação feita pela Câmara
no dia de hoje, e já me posiciono, pois em princípio sou contrária a qualquer
lei que aborde, neste momento, a questão do Orçamento Participativo, me parece,
Srs. Vereadores, que a intenção por trás desta regulamentação é desfazermos a
riqueza que existe num processo que, a cada ano, se consolida e se modifica. Se
no início não havia as plenárias temáticas, hoje elas existem abordando a
questão do desenvolvimento urbano, a questão da educação, a questão do
transporte e a questão da assistência social.
Se esta Câmara não participa do Orçamento Participativo é porque muito
tempo ela perdeu na oposição a ele e muito pouco ela tem ido nas bases
conversar com o povo que está participando desse processo e que são milhares de
pessoas. Portanto, Srs. Vereadores, eu tenho posição nesta discussão, a menos
que seja convencida, e pelo trabalho todos estamos dispostos a isso. Eu sou
contrária a qualquer lei que busque tutelar o povo de Porto Alegre na
disposição legítima de fazer, não só o Orçamento, mas de dizer que é o dono
efetivo desta Cidade e trabalhar em conjunto com os seus Vereadores por
melhores condições de vida, inclusive no questionamento, Ver. Isaac Ainhorn,
dos recursos da União e do Estado, que são gastos com bancos internacionais,
com grandes negociatas e nunca no atendimento do povo. Vamos olhar lá para cima
e fazer nosso papel também de cobrar que os recursos públicos federais e
estaduais cheguem ao Município e
atendam o nosso povo. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli) : Encerrada
a Pauta. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Comunicação de Presidente.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, é fecunda a discussão que se estabelece, no Plenário desta Casa, a
respeito da proposta, que não é tão-somente do Presidente da Casa, mas é uma
posição, hoje, sustentada pelo coletivo da Mesa Diretora dos trabalhos, que
propôs, e foi em seu nome, que nós levantemos essa bandeira, quando esta nova
Mesa assumiu os trabalhos, dia 3 de janeiro.
Assumimos um compromisso com a Casa, com os Vereadores e com o conjunto
da Cidade, de lutarmos pela institucionalização do Orçamento Participativo.
Respeitamos, e não poderia ser diferente, as posições contrárias àqueles que
preconizam, sob o falso argumento do não-engessamento, a
não-institucionalização do Orçamento Participativo. Mas, nós achamos que essa
discussão é salutar, é positiva, porque abre a discussão e a população vai ter
uma oportunidade de fazer uma avaliação do conjunto das questões que estão
postas. Nós apenas sustentamos e reconhecemos os aspectos extremamente
positivos do Orçamento Participativo. Estranha a este Vereador a Manifestação
da Vera. Maria do Rosário, quando afirma, e daí não é o presidente que fala,
mas o Ver. Isaac Ainhorn, que combati o Orçamento Participativo. Eu nunca me
coloquei nessa posição. Várias vezes tenho dito nas minhas intervenções que o
Orçamento Participativo se constitui num patrimônio da Cidade. Estranho essas
afirmativas da Vera. Maria do Rosário. Eu não quero, aí vem uma questão
extremamente importante, diminuir o papel do Poder Legislativo da Cidade. Nós
temos é que realçá-lo e compatibilizar os instrumentos da democracia
participativa com a democracia representativa, porque nós não podemos esvaziar
o trabalho da Câmara de Vereadores, Ver. Paulo Brum; ao contrário, o vereador
foi eleito, tem uma responsabilidade com o conjunto da população, tem votos,
tem representatividade popular e tem legitimidade para reivindicar os
interesses da cidade.
Nós, em alguns momentos, nos surpreendemos quando algumas afirmativas
dizem: “Não, mas o vereador pode participar do Orçamento Participativo.” Mas,
nós temos que colocar as coisas nos seus devidos lugares. Quando um Vereador
como o Ver. Dilamar Machado ou Ver. Luiz Negrinho ou Ver. João Verle ou o Ver.
Luiz Braz ou o Ver. Pedro Américo Leal vai a uma reunião do Orçamento
Participativo, não é que ele seja superior às demais pessoas. Nós temos que
reconhecer no vereador um homem de uma liderança maior dentro da cidade e que
está investido de um mandato popular e representante do Poder Legislativo da
Cidade. Não pode ficar lá aguardando, como já se viu, que o coordenador
lembre-se que presente está o vereador fulano de tal. Ele tem um papel muito
maior. Por isso, muitas vezes, nós vemos e assistimos a ausência de vereadores
nas reuniões do Orçamento Participativo. O que eu quero mostrar, Ver. José Valdir,
é que nós estamos preocupados com o Orçamento Participativo. Por quê? Nós
achamos que se ele não estiver institucionalizado, correrá o risco de, amanhã
ou depois, de ser eliminado no caso de uma administração mais conservadora.
Poderão eliminar esse instituto jurídico, essa conquista popular. Estranha-me
muito a posição do Ver. Clóvis Ilgenfritz que recua espetacularmente e passa a
colocar-se numa posição contrária à institucionalização. Sempre disse que me
orgulho em ter, ao meu lado, um colega do padrão, da qualidade de legislador do
Ver. Clovis Ilgenfritz, inclusive da individualidade, muitas vezes sozinho nas
grandes lutas dentro do Partido dos Trabalhadores. É um partido que mantém a
estrutura democrática, porque um partido centralizador, mas, ao contrário,
permite - imagino, Vera. Maria do Rosário - o pluralismo, e as divergências
internas são tratadas adequadamente, com respeito às posições, até quando -
reconheço - minoritárias.
Um dos argumentos que me colocaram, Ver. Luiz Braz, é de que, se o Orçamento
Participativo for institucionalizado, vão ocorrer uma série de demandas judiciais
das comunidades, fazendo reivindicações em cima daquilo que não foi cumprido.
Este é um Plenário com inúmeros bacharéis, mas nem é preciso sê-lo; se algo não
for cumprido em termos de compromisso, o bom é haver um instrumento legal para
que uma pessoa, um cidadão, uma comunidade possam ir ao Poder Judiciário
invocar o direito seu que foi violado, o princípio que foi descumprido. Isso
não engessa o processo absolutamente. Várias das conquistas populares se
tornam, efetivamente, conquistas populares no momento em que elas passam a ser
norma legal, direito escrito, porque o direito escrito é a garantia dos
cidadãos. Isso vem dos primórdios do constitucionalismo inglês e dos
enciclopedistas franceses que fizeram uma relação democrática burguesa,
exatamente para assegurar ao povo uma legislação escrita, um direito escrito
que significasse a garantia do exercício da cidadania.
Por isso acho saudável e constato um dado altamente positivo. É bem verdade
que, embora minoritária, a bancada petista na Casa reconhece a necessidade da
discussão do tema, ela não impediu a discussão do tema. Tanto é que assinou e
concordou com a posição de criação de uma comissão especial para discutir a
institucionalização. É um mérito que reconhecemos. Agora, tenho certeza de que
o que nascer desta comissão especial o Prefeito Tarso Genro jamais vai vetar
sob o argumento de vício de iniciativa. Sabemos que poderá ter vício de
iniciativa. E ele sabe, como bom bacharel que é. Mas, tenho certeza de que
aquilo que for a vontade dessa representação popular, ele vai reconhecer e não
vai argüir numa matéria dessa envergadura, com a discussão que vai-se abrir
aqui. Vamos convidar o Prefeito Tarso Genro, não vamos excluir ninguém dessa
discussão, vamos convidar o Prefeito da Cidade; o ex-Prefeito Olívio Dutra; o
Vice-Prefeito; os conselheiros, para virem aqui.
Mas vamos convidar aqueles que têm uma visão, também. Não vamos fazer
aqui o coro do “sim, Senhor”.
Queremos, ao encerrar, mais uma vez, reiterar que temos uma visão
pessoal, evidentemente, mas o conjunto da Cidade tem que ser ouvido, e não
eventuais grupos que uma pessoa ou outra possa envolver ou manipular. E tenho
certeza de que V. Exa. não é homem de fazer isso.
Encerramos, acreditando que com as manifestações das comissões permanentes
da Casa, a Comissão de Justiça, e a Comissão de Finanças e Orçamento ainda esta
semana, teremos com isso condições de votar a constituição dessa Comissão Especial
que terá um trabalho extremamente importante para o futuro desta Casa e os destinos
da Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa ao Plenário
especialmente aos Vereadores José Valdir e Clovis Ilgenfritz, que pediram
apartes, que o art. 23 do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, tem o
seguinte teor: “Quando o Presidente estiver com a palavra, no exercício de suas
funções, durante as Sessões Plenárias, não poderá ser interrompido nem
aparteado.”
O SR. MILTON ZUANAZZI
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, talvez eu tivesse que tê-lo feito no momento em que a
Vera. Maria do Rosário requisitou um minuto de silêncio a esta Casa, para
manifestar, também, o falecimento do desportista Aparício Viana e Silva, na
sexta-feira passada, em Tramandaí. Gostaria que aquelas homenagens prestadas ao
escritor Caio Fernando Abreu, também fossem estendidas ao Aparício Viana e
Silva.
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn) : A
Mesa acolhe o Requerimento de V. Exa. e estende a homenagem, que esta Casa
prestou ao Escritor Caio Fernando Abreu, igualmente, ao desportista e cronista
esportivo Aparício Viana e Silva.
A Mesa apregoa a Subemenda nº 1, à Emenda 1, Processo 2089/95, PLE
50/95. (Lê o teor da Subemenda.)
A Mesa apregoa a Emenda nº 4 ao PLE nº 70/93. A Emenda nº 4, art. 10,
passa a ser o art. 6, renumerando-se os seguintes. A justificativa é para dar
seqüência lógica aos artigos. Assina o Ver. Guilherme Barbosa, Vice-Líder do
PT. Solicitamos, face à presença do Líder da Bancada do PT, que firmasse,
igualmente, a presente Emenda, uma vez que, no momento em que foi apregoada, já
se faz presente o Líder da Bancada do PT. Emenda nº 5, do Ver. Guilherme
Barbosa, ao PLE nº 70/93. Substitua na redação do art. 10 a expressão 10 a 50
URMs, pela expressão 100 a 500 UFMs. Inclua parágrafo no art. 6º. (Lê a Emenda
nº 5.)
O SR. REGINALDO PUJOL
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, a Emenda apregoada corresponde a que Projeto de Lei e
em que estágio está esse Projeto de Lei?
O SR. PRESIDENTE: Todas são emendas de
Liderança ao PLE nº 70/93.
O Ver. Airto Ferronato, relator da matéria, já está com o processo em
mãos para dar o Parecer.
O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Vera. Maria do Rosário, que ocupou esta tribuna, que mais uma vez
apregoou aqui desta tribuna a subserviência desta Câmara a outras instituições
públicas. Infelizmente, a vontade da Vera. Maria do Rosário é de que esta
Câmara se curvasse definitivamente, não apenas ante ao Executivo, dobrasse a
sua espinha ante ao Executivo, agora, partido do qual ela faz parte, mas também
ante a todas aquelas instituições que sustentam o Partido do Governo.
Infelizmente a Vera. Maria do Rosário vem, em primeiro lugar, e nós precisamos
analisar a realidade, do Partido Comunista. Eu acredito que a Vera. Maria do
Rosário estaria mais afeita a uma cidade, a um país onde tivesse um Partido
único governando. O Regime de um Partido único. Por isso mesmo ela não gosta
que os Partidos políticos, que os políticos tenham opinião. Por isso mesmo ela
é contrária à que o Poder Legislativo possa ter estatura suficiente para
fiscalizar o Executivo. Por isso mesmo a Vera. Maria do Rosário vem a esta
Tribuna e diz que aqueles que estão reunidos no Orçamento Participativo, que
não passam de mil - estou dando um número muito expressivo - podem representar,
por exemplo, os 80 mil eleitores da minha região ou os outros tantos eleitores
das outras regiões ou a representatividade que os vereadores têm aqui nesta
Casa. Para a Vera. Maria do Rosário o bom é que esta Casa aqui não existisse.
Porque ela veio aqui na Tribuna e disse que os vereadores teriam que ir lá no
Orçamento Participativo, é lá que os vereadores deveriam exercer as suas
funções. Convenhamos, eu acredito que a Vera. Maria do Rosário fez mal saindo
do Partido Comunista e indo para o PT. Acredito que sim, porque a sua filosofia
ainda se enquadra totalmente dentro da filosofia comunista. Acredito que ela
está se dando mal no PT. Aliás, o PT gosta muito disso. Quando criou o
Orçamento Participativo, ele criou essa mesma...
(Aparte anti-regimental.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai ter que pedir
silêncio ao Plenário, esclarecendo à Vera. Maria do Rosário, já no quarto ano
da sua legislatura, que não existe aparte no tempo de Liderança.
O SR. LUIZ BRAZ: Ele criou o Orçamento
Participativo apenas para anular a Câmara Municipal e, quando se fala em
rediscutir o Orçamento Participativo, não é para eliminá-lo, até porque esta
Câmara já várias vezes manifestou, mas não pela forma.
O SR. PRESIDENTE: Vou interromper o seu
pronunciamento para uma Questão de Ordem do Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA
(Questão de Ordem) : V. Exa. não interrompeu o tempo do orador, quando a Vera. Maria do
Rosário se manifestou. Nós gostaríamos que fosse assegurado ao orador o tempo
daquela interrupção.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra a
manifestação do Ver. Jocelin Azambuja, como uma Questão de Ordem, e vai
conferir ao orador o tempo da interrupção feita.
O SR. LUIZ BRAZ: Agradeço ao Ver. Jocelin
Azambuja e ao Presidente. Essa Casa não é contra o Orçamento Participativo e
nunca foi. Todos os Vereadores já se manifestaram, de alguma forma, satisfeitos
com o Orçamento Participativo, mas não com o modelo empregado pelo PT. O PT
empregou um modelo para fazer com que essa Casa pudesse diminuir a sua
influência e o seu poder de fiscalização. É um modelo para que o PT possa fazer
o que bem entenda sem que esta Casa tenha voz para se opor, como, por exemplo,
se opor ao fato de deixarem uma comunidade sem água, como aconteceu com a
comunidade do Beco dos Mendonças e da Lomba do Pinheiro. É um modelo para
deixar algumas pessoas, lá do Partenon, debaixo d’água, porque uma obra não foi
feita, pois o Orçamento Participativo não definiu. E o Ver. José Valdir, que nunca
gostou de democracia, já que ele era um rebelde lá da Vila Santa Rosa, mostrou
o seu outro lado. Ele gostou de mandar, gostou de ter o poder na mão. Agora,
ele faz com o poder na mão, como é bom ter o poder nas mãos. Encerro o meu
pronunciamento com uma frase de um grande político que dizia que, quem governa
com essa montoeira de conselhos, como faz o PT na verdade, lembra muito o
fascismo, eu acho que estamos tendo aqui algum exemplo nesse sentido. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Henrique Fontana em Comunicação de Líder.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, como se vê na tarde de hoje, o debate esquenta em torno da questão
do Orçamento Participativo, debate, aliás, que não é novo na Cidade, nem nos
debates políticos que Porto Alegre vive nos últimos 7 anos. Como eu disse ao
nobre Presidente, na sessão de abertura, talvez a Câmara esteja um pouco
atrasada dentro desse debate, quem sabe porque um setor da Câmara, certamente
não é a maioria, passou um período combatendo o Orçamento Participativo, um
setor, ainda agora, combate o Orçamento Participativo, quer o debate para
combater essa iniciativa de democracia direta, porque de fundo, nesse debate,
tem a visão de que a democracia representativa que está dentro da Câmara, esta
sim, deveria dar conta de todo o desafio democrático que a modernidade nos
coloca, mas não é isso que se aprende das leituras e análises da conjuntura
política, não do Brasil, mas do mundo inteiro, a democracia representativa
precisa sim do reforço da democracia participativa para se requalificar, para
se reoxigenar e para ter legitimidade popular, porque, hoje, ela é combatida em
muitos setores. A população, hoje, questiona a democracia representativa,
identificando-a com acontecimentos como o do Congresso Nacional Brasileiro, que
discute o Orçamento Público Nacional sem democracia direta; discute com emendas
que dividem o orçamento público brasileiro para a distribuição de benesses de
parte de alguns Deputados que confundem recursos públicos com privados. Isso,
toda a Cidade de Porto Alegre acompanhou durante os debates feitos com o
escândalo das Emendas produzidas na Comissão de Orçamento do Congresso
Nacional. Pois, esta é a grande conquista que o Orçamento Participativo
representante: requalificar a democracia representativa da qual nós fazemos parte.
Na minha opinião, se o debate for por aí, ele será ótimo e vai engrandecer a
nossa Câmara de Vereadores.
Quem tenta trazer um debate maniqueísta e manipulador, colocando, de um
lado, a idéia de que a democracia direta visaria a desqualificar o Poder Legislativo,
está perdido na antigüidade do debate político, porque não é esse o desafio da
humanidade hoje e no futuro.
Reporto-me ao nobre Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, de quem acabo de receber
um artigo escrito, de lavra pessoal, em que ele coloca alguns termos do debate
que está pretendendo trazer à Cidade. Diz que o Orçamento Participativo precisa
ser institucionalizado. Não queremo-nos ater a essa palavra que não é mágica -
da institucionalização ou não - mas queremos dizer que, se alguns Vereadores dizem
que, ao se defender o Orçamento Participativo, se quer diminuir o papel do
Poder Legislativo, digo também, daqui, que muitos Vereadores já disseram desta
tribuna que querem diminuir o papel do Orçamento Participativo. E isso nós do
PT não vamos aceitar! Queremos sim mais poder para o Legislativo e mais poder
para o Orçamento Participativo. Entendemos que são sinérgicos esses poderes;
que não são antagônicos. Alguns Vereadores - não cito ninguém nominalmente -
combatem o Orçamento Participativo. Pois, nós, enquanto partido político, somos
a favor do Orçamento Participativo e queremos fazer um debate. Temos certeza de
que esses Vereadores são uma minoria muito pequena, mas me preocupa os termos
do debate, pois lá pelas tantas o Presidente diz o seguinte: “Por todos esses
argumentos expostos e com base na Lei Orgânica, impõe-se que a Câmara Municipal
crie uma legislação própria para disciplinar o Orçamento Participativo.” E eu
grifo: “disciplinar”. E eu me preocupo com esta palavra, por trás do significado
de disciplinar muitas coisas podem estar vindo, entre elas, o engessamento, por
exemplo, das iniciativas populares de representação direta. E digo, se a
comissão for aprovada, teremos condições de fazer uma avaliação definitiva, e
aqui, grifo eu, definitiva do Orçamento Participativo. Parece-me uma tentativa
exagerada do Sr. Presidente, que dá uma demonstração de autoritarismo, porque
avaliações definitivas não existem num tema dessa complexidade. Então que venha
o debate, mas que venha em termos mais claros de onde se quer chegar com este
debate. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador em Liderança,
Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, esta discussão que se abre sobre o Orçamento Participativo não
poderá ser tão intensa que desvie a atenção desta Casa dos gravíssimos
problemas que esta Cidade vive na área de abastecimento de água, do caos do
trânsito, com os mendigos morando debaixo da ponte, apesar dos programas aqui
decantados com todos esses problemas que a Cidade está vivendo. Sem fechar os
olhos para esta gritante realidade que se pretende, certamente, através da
discussão do Orçamento Participativo, desviar a atenção, não nos é dado o
direito de silenciar sobre essa situação que a Cidade vem vivendo há mais tempo
e que nós, quando assumimos como Vereador, aqui em Porto Alegre, já denunciamos
na primeira oportunidade, em nosso primeiro pronunciamento. Este Orçamento
Participativo que hoje se decanta é uma tímida iniciativa no sentido da
introdução da gestão participativa, que se descaracteriza por inteiro em seus
objetivos, na medida em que é aparelhado com o braço político do PT e seus
aliados. Esta medida constitui-se naquilo que muito bem estabelece, com
freqüência, o Ver. Edi Morelli, numa manipulação de segmentos da vontade
participativa da Cidade, que não tem oportunidade de se manifestar nesse
aparelhamento que essa instituição clandestina enseja. Hoje, todo esse fórum do
Orçamento Participativo, não previsto em lei, é uma instituição clandestina,
paralela, que se marginaliza, se fragmenta e, sobretudo, se aparelha em função
dos interesses políticos do Executivo Municipal. À medida que isso ocorre, esta
Casa se vê diminuída nas suas prerrogativas. O discurso do ilustrado líder do
PT nos leva claramente a essa posição, à medida que ele apresenta como exemplo
os desmandos do Congresso Nacional, dizendo que a sociedade tem que criar
mecanismos diversos. Eu me lembro daqueles que falam contra o mau funcionamento
das instituições democráticas, quando o certo seria pugnar pelo seu bom
funcionamento. Esse discurso de desmoralização dos órgãos legislativos foi
sempre a semente da qual germinou o totalitarismo. Foi exatamente assim que
Mussolini, Hitler e outros tantos criaram seus aparelhos, as suas brigadas; os
aparelhos bolcheviques, esses os instrumentos do partido único. É contra isso
que nós, que somos detentores da mais legítima representação popular, provinda
do sufrágio universal, temos que nos defender. Não podemos permitir que a
maioria que trabalha, estuda, produz, seja silenciada por uma minoria de
ativistas que, inclusive, nem no seu seio, admitem aqueles que dela discordam,
porque na prática desse Orçamento Participativo aqueles que ousaram um dia lá
chegar discordando, foram vaiados, quando não expurgados, dessa reunião. Isso a
própria Vera. Maria do Rosário há algum tempo concordava; hoje, discorda. Nós
sabemos que a manipulação do Orçamento Participativo pode ser uma grande arma
eleitoral contra o PT, porque a população de Porto Alegre está observando, está
percebendo, que a manipulação ocorre a todo tempo e a toda hora e que nem mesmo
quando eles conseguem se introduzir no meio da militância petista e colocar
alguma de suas prerrogativas, alguma das suas prioridades, dentro da
programação do Orçamento Participativo, nem mesmo nessa condição eles são respeitados.
Esse desmascaramento é preciso que ocorra. Eu não tenho dúvida de dizer o seguinte,
Ver. Henrique Fontana: a esse Orçamento Participativo, a esse embuste que tem
na cidade, a essa manipulação, eu sempre fui contra e continuarei sendo contra.
Tenho esperança que, pela via da institucionalização pretendida, possa-se
conseguir uma verdadeira forma de participação popular na gestão da coisa
pública na cidade, não nesse subtrariamento, não nesse furto das qualificações
dos Legislativos, porque, historicamente, a lei dos meios têm que ser elaborada
pelos órgãos legislativos, quer no município, quer no estado, quer na união.
Por isso, vou aceitar a participação nesse debate, na esperança de que ele não
sirva de manobra para encobrir as deficiências da administração popular em
vários segmentos que a cidade está toda a aclamar e protestar pela falta de
água, pela desorganização do trânsito, e tantas outras realizações que são
abafadas por uma grande publicidade oficial, mas que o povo vai saber
compreender, quando, na grande participação popular, nas urnas, derrubar a
ditadura desse partido que quer transformar Porto Alegre numa propriedade sua,
mas que não o fará, pelo menos com o meu silêncio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Imaginem os senhores se as coisas ocorressem ou pudessem ocorrer,
em Porto Alegre, com o povo, a despeito da Câmara de Vereadores. Não é
possível, pois, bem assim se dá; assim se verificam as coisas. Os bairros são
atendidos, os segmentos são atendidos não obstante os Vereadores. É de pasmar até;
tudo acontece, na Cidade, de melhoria para o povo, para os bairros, e os
Vereadores não tomam conhecimento. Com que índice os Vereadores entram no
Orçamento Participativo? Com o índice um do cidadão do povo. Não é possível!
Para que nós elegemos 33 Vereadores, se, quando vou ao Orçamento Participativo,
entro com o índice um, índice do cidadão comum? Isso para opinar, para pedir,
para desejar; isso é, simplesmente, o esvaziamento desta Câmara Municipal de
uma vez por todas. Um Vereador não tem voz ativa nenhuma; ele discute projetos,
ele vota projetos, mas ele não opina. O Prefeito diz: “Por favor, um momento,
V. Exa., é que mandou este ofício?” (Como se deu comigo.) “V. Exa. não opina”!
Eu pedi, quando cheguei aqui como Vereador - todos já conhecem - o asfaltamento
da Rua Silva Jardim. Acreditava que era um pedido ponderado, porque é uma
artéria que liga a “24 de outubro” com a zona da Nilo Peçanha. Pois bem, a
Silva Jardim está, até hoje, com paralelepípedos. Mandaram que eu me entendesse
com o Orçamento Participativo. Como eu tinha vindo da Assembléia, e não tinha
prática das coisas, perguntava: “Mas, que Orçamento Participativo é esse? Que
organização é essa? Fui saber que era uma organização diabólica porque anula,
acaba com o Vereador, ele discute, encaminha projetos, mas ele dali não passa,
ele fica nesta sala, completamente, condicionado a sua própria poltrona; ele
não dá palpites, é na verdade uma forma muito interessante do Prefeito fazer a
sua política de povo; ele resolve tudo com seu povinho, com sua gente, com seus
mandados, “mandados” e não toma conhecimento dos Vereadores. Os Vereadores,
apenas, repito são para votar projetos. É na verdade a situação que temos aqui
dentro, e não tem Ver. Henrique Fontana, outra tradução, não existe outra tradução,
o Vereador está enclausurado, completamente engessado dentro da Câmara, sem
opinar e sem decidir nada, porque o Orçamento Participativo não deixa, é um
plano diabólico. E, agora, surge a possibilidade de nós institucionalizarmos
este assunto é praticamente um recurso da democracia participativa que urge,
que toma conta de tudo, que avança em direção a democracia representativa,
tentando dizimá-la. Não nos resta outra alternativa, vamos nos apoiar neste
recurso que nos dá o Presidente, e vamos procurar pelo menos amenizar tudo
isso, fazendo uma fórmula de conciliação, em que possamos opinar com índice 4,
5, 6, um índice de Vereador, de representante do povo que somos, e não podemos
negar. É claro que o PT está quieto. Esta quieto, não têm o que dizer, porque o
PT é sincero, ele sabe que nisso aí existe uma grande tramóia política de
anulação dos Vereadores; anulação completa dos Vereadores, os Vereadores são
títeres e dali não passam.
Então, Sr. Presidente, estou perfeitamente de acordo, é o que nos resta,
institucionalizarmos. Apenas nos resta isto, Sr. Presidente, e mais nada. Muito
obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está
com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Senhoras e Senhores. Desde que se implantou, em Porto Alegre, o
Orçamento Participativo eu estive, assim como outros Vereadores, aqui na
Câmara.
Quando se implantou o Orçamento Participativo, em 1989, aqui, na Câmara
Municipal, iniciamos o processo de elaboração da Lei Orgânica do Município de
Porto Alegre. Tive a satisfação de ser na época, o Presidente da Comissão de
Orçamento, Tributos e Finanças, a Comissão que tratou deste tema naquela
oportunidade. Defendi e votei favorável a que se colocasse, na Lei Orgânica, o
que hoje temos, ou seja, a previsão de que a população participe da confecção
da proposta de Orçamento. Até porque eu, sem falsa modéstia, já tive a
oportunidade, em trabalhando no Ministério da Fazenda, ser uma das pessoas que
apresentava proposta de Orçamento para o Ministério da Fazenda e para todos os
Ministérios aqui no Rio Grande do Sul.
O Orçamento é e sempre foi e vai ser, uma proposta de iniciativa do
Executivo, ou seja, é o Prefeito Municipal, cabe a ele, e tão somente a ele,
encaminhar a proposta da maneira que entender a mais adequada. Daí por que
entendo, sempre me manifestei, e a bancada do PMDB aqui na Câmara assim se
manifestou: somos favoráveis a que exista o Orçamento Participativo, até porque
esta proposta de participação popular na sociedade foi coisa iniciada pelo
PMDB, dentre outros, lá em Santa Catarina, em Lages.
Por outro lado, tive a oportunidade de participar, fazendo palestras
sobre Orçamento Participativo em diversas capitais do País e em todas as vezes
que se faz esse tipo de palestra o PT manda representações, e é o PT do País
inteiro, e cito Pernambuco, porque em três ou quatro vezes tive contato com
pessoas do PT de Pernambuco, onde exigem, onde os governos não são do PT, que
haja uma regulamentação do Projeto do Orçamento Participativo, até para definir
algumas regras. Daí o por que, enquanto Vereador de Porto Alegre e Líder de uma
bancada importante desta Câmara, acho importante essa análise, essa discussão,
pois entendo que, se de um lado, diminuem alguns poderes para o Legislativo - e
eu não vejo assim - de outro lado, aumentam poder ao Legislativo, até porque o
Legislativo precisa conversar com a sociedade e buscar com que a sociedade faça
no Legislativo o que faz no Executivo. Não me canso de falar e digo mais uma
vez: as entidades da sociedade civil, que participam do Orçamento
Participativo, em lugares onde ele existe, pensam que o Prefeito é Deus e a Câmara
é o Diabo. Não é verdade. Nós temos que fazer um debate aberto e transparente,
lá no Executivo, que é o momento da iniciativa e da elaboração da proposta e,
posteriormente, aqui no Legislativo, quando se vota e se aceita ou não as
propostas encaminhadas.
Acho importante fazer-me um debate sério sobre esse tema, e tenho
certeza de que a Câmara Municipal, como sempre fez, vai, mais uma vez, se
envolver com todas as forças nesse processo, e é claro que com propostas
favoráveis e com propostas contrárias. É dessa dualidade de propostas que
chegaremos a um denominador comum que venha, cada vez mais, aprimorar esse
processo e fazer com que esta Câmara não se sinta diminuída, mas deve sentir-se
valorizada nesse processo, até porque cabe à Câmara a palavra final, inclusive
em termos de emendas, para adequar aquilo que ela considera o mais razoável
para a cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Dilamar Machado está
com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Com relação à idéia do Orçamento Participativo, é interessante que
se faça o registro histórico, para que não passe em branco na Casa, que isso
não foi invenção do PT. A idéia nem original é. Na realidade, quem implantou
esse sistema, que eu tenha conhecimento em administração pública do Rio Grande
do Sul, foi o Sr. Bernardo de Souza, quando Prefeito de Pelotas. Posteriormente
no Governo Alceu Colares, na Prefeitura de Porto Alegre, criou-se os Conselhos
Populares de fato, dos quais participavam pelo menos um dos integrantes do
Partido dos Trabalhadores, meu nobre amigo a quem saúdo o retorno a Casa, José
Valdir, na época Presidente da Associação dos Moradores da Vila Nova Gleba, na
Zona Norte de Porto Alegre.
Este aqui é um livro, (mostra um livro) que eu gostaria que um dia a
Câmara Municipal tivesse recursos para imprimir, um livro sobre as atividades
da Câmara Municipal, este é o livro do Orçamento Participativo de Porto Alegre.
Texto de Umberto Andreata e Jaqueline Joner. Temos aqui alguns nomes.
Secretaria Municipal de Cultura, coordenação da comunicação social da
Prefeitura. Um trabalho bem feito, bem elaborado do ponto de vista gráfico. E
aqui Ver. José Valdir, tem um detalhe interessante para os Vereadores que ainda
têm alguma dúvida com relação à força que o Conselho do Orçamento Participativo
- COPI - tem na Cidade de Porto Alegre. Ver. Antonio Hohlfeldt, atribuições do
COPI: propor, fiscalizar e deliberar sobre receita e despesa do Poder Público
Municipal. Esses são os poderes do Conselho Participativo. Aqui, entre tantas
fotografias, de boa qualidade, bom tamanho, eu encontro uma reportagem sobre a
Vila Planetário. E é dito nesta obra editada, sob a responsabilidade da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o que segue: “Aquisição e urbanização da
área do IPE foi fruto da luta histórica do Cruzeiro. O papel do Orçamento Participativo
foi de aprofundar e massificar esse processo que teve então o Governo Municipal
como parceiro”. Com relação à Vila Planetário, há um momento aqui no texto que
diz que, se não fosse o Orçamento Participativo, a Vila Planetário não
existiria.
Antes de fazer o registro sobre essa questão - está escrito aqui “Do
casebre ao cartão postal” que é a Vila Planetário, vou fazer um histórico da
Vila e do terreno do IPE, vou mostrar duas fotografias em destaque neste livro
do Orçamento Participativo. Essa senhora que aqui está, cercada por crianças, é
a Sra. Sônia Saraí Soares Pereira, companheira, esposa do nosso colega do PT,
ex-Ver. Eriberto Bach, filiada ao PT e conselheira tutelar. Essa senhora é
nossa colega na Câmara Municipal, é assessorada do PT, Sra. Angélica Mirinhan,
está escrito aqui: “Cidadã boa de briga.” É assessora do Ver. João Verle.
O Ver. Nereu veio aqui e falou que é irrespondível o que ele disse, que
aos 32 conselheiros do COPI, esses que têm o poder de deliberar sobre receita e
despesa da Prefeitura, 28 são filiados ao PT.
A Vila Planetária não é fruto do Orçamento Participativo coisa nenhuma.
O Projeto dessa Vila foi feito pela arquiteta Sandra Zuanazzi, minha colega de
trabalho do DEMHAB e à época diretora de arquitetura do Departamento, que criou
o Projeto da Vila Planetário. O recurso, eu fui buscar em Brasília, na época em
que eu era diretor do DEMHAB e aquele terreno foi devolvido para a Prefeitura
através de uma Lei, minha, aprovada nesta Casa, acredito eu, em 1989 ou 90.
Quer dizer, não dá para mentir assim para o povo. Não dá para transformar esse
processo todo, que na base era para ser algo algo grandioso, em grande processo
demagógico. Só ver esse livro e ler com atenção a questão do terreno da Vila
IPE, na grande Cruzeiro. Isso era uma luta antiga. Todo o tempo em que o Ver.
Dib era prefeito, passou pelo Collares, passou por mim o processo de permuta
daquele terreno para poder facilitar. A urbanização da Vila Cruzeiro começou
também na nossa administração, com recurso da Caixa Econômica Estadual, o Partido
dos Trabalhadores deu seqüência, o que fez muito bem. Mas não pode criar essas
fantasias.
Na realidade estou aqui para dizer, e acho que falo em nome da Bancada
do PDT, que nós estamos plenamente de acordo com a iniciativa do Presidente
Isaac Ainhorn. É preciso institucionalizar o Orçamento Participativo, até para
que essas publicações mentirosas, caras, que custam o dinheiro do povo, não
estejam circulando por aí espelhando o que no fundo não passa de uma grande
farsa, de uma grande demagogia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está com
a palavra, em tempo de Liderança.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nessa discussão que, praticamente, se inicia, no primeiro dia de
Pauta, sobre um tema que promete aquecer a discussão durante vários dias,
queremos trazer a opinião do Partido Comunista do Brasil. Trazemos essa opinião
não só em nome do Partido Comunista do Brasil. Vamos ler aqui um trecho da
proposta que já foi trazida a esta Casa, no início de dezembro, pela União das
Associações de Moradores de Porto Alegre, através da sua nova diretoria: “a
luta pela regulamentação em lei da participação popular na elaboração do
Orçamento, prevista na Lei Orgânica do Município, reforça a autonomia popular
em suas decisões.”
Queremos dizer que temos participado do Orçamento Participativo, como
cidadão, como dirigente de uma associação comunitária, como Vereador, quando
estávamos nessa situação. Fizemos críticas sérias a aspectos do Orçamento
Participativo, mas entendemos que o Orçamento Participativo, em primeiro lugar,
é uma conquista do povo e da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Vou ler a Lei Orgânica do Município, pois é possível que haja alguns
Vereadores mais novos que não tenham participado da elaboração dessa Lei. Eu
não era Vereador, mas participei, tenho conhecimento da lei que diz o seguinte:
Art. 116, parágrafo primeiro, da Lei Orgânica aprovado por esta Casa, “fica
garantida a participação das comunidades a partir das regiões do Município nas
etapas de elaboração, definição e acompanhamento da execução do plano
plurianual, de diretrizes orçamentárias e de orçamento anual.” Portanto,
afirmar-se que o Orçamento Participativo é contra esta Câmara é dizer que esta
Câmara fez uma lei contra ela, é um absurdo. No seu art. 101, os Conselhos
Municipais são órgãos de participação direta da comunidade na administração
pública tendo por finalidade propor, fiscalizar e deliberar sobre matérias
referentes a cada setor da administração, nos termos da lei complementar,
parágrafo único, etc., observada a representatividade das entidades
comunitárias de moradores, entidades de classe e da Administração Municipal, ou
seja, é um direito do povo de Porto Alegre, das suas organizações, decidir,
deliberar, opinar, fiscalizar sobre o orçamento da Casa, só que nunca essa lei
máxima, editada por esta Câmara, passados 6 anos, nunca isso foi regulamentado,
já foi regulamentado o Conselho dos Transportes, Conselho de Assistência
Social, da Educação, e o Conselho do Orçamento até hoje não foi regulamentado.
Entendemos que se impõe uma ampla discussão, que participe a Câmara, o
movimento comunitário, os delegados e conselheiros do Orçamento Participativo e
o Executivo, e que consigamos, a partir dessa ampla discussão, formular um
projeto que, pelo menos, se não seja o consenso, seja uma grande média dessa
discussão, e consigamos fazer com que o Orçamento Participativo que é um
avanço, mas tem uma série de defeitos e deficiências, e que hoje é um favor do
Executivo para o povo se transforme naquilo que é e deve ser, um direito do
povo, e somos contra duas opiniões; uma que regulamentar o Orçamento vai
engessá-lo, depende da regulamentação; não queremos, tampouco uma lei vazia,
queremos uma lei que determine as questões fundamentais da participação
popular, garanta autonomia, independência do movimento popular, e garanta
regras claras e definidas. Portanto, errado dizer que engessa; segundo: errado
dizer que o Orçamento Participativo é algo contra os Vereadores, é contra a
Câmara e que não serve à Cidade. Portanto, é esta a posição do PC do B; a
defesa do Orçamento Participativo, fundamentado na própria Lei Orgânica, mas
que seja regulamentado por esta Casa a partir de uma ampla discussão, se
depender da nossa opinião, deve ser através de um projeto de iniciativa
popular. Mas, veremos qual é o melhor caminho.
E a UAMPA, da qual, além de Vereador, sou presidente do Conselho deliberativo,
está chamando para um amplo debate, e agora, em abril, chamará um Conselho
deliberativo sobre o tema, e está convidando desde já, faremos um convite
oficial no momento, todos os Vereadores a participarem. Esta é a opinião da
bancada do PC do B. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Senhores Vereadores,
comunicamos o recebimento, em 23 de fevereiro de 96, do pedido de renúncia do
Ver. Geraldo de Matos Filho ao cargo de 1º Secretário. Tendo em vista a
referida renúncia, declaramos vago o cargo de 1º Secretário.
Para a eleição do cargo da Mesa a votação deverá ser nominal, exigindo
maioria absoluta de votos, em conformidade com o art. 13 do Regimento.
Suspenderemos os trabalhos por cinco minutos para a apresentação dos candidatos
que concorrerão ao cargo vago.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h54min.)
O SR. PRESIDENTE (às 16h) : Estão reabertos os
trabalhos.
Registramos o recebimento da indicação do Ver. Fernando Záchia para concorrer
à vaga aberta de 1º Secretário da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto
Alegre. O documento que indica é o seguinte: (Lê.)
“Nos termos regimentais, indicamos o Ver. Luiz Fernando Záchia para concorrer
ao cargo de 1º Secretário desta Câmara Municipal, tendo em vista a vacância do
referido cargo.
Em 26 de fevereiro de 1996.
(a) Airto Ferronato,
Líder da
Bancada do PMDB.”
Solicitamos ao Ver. Fernando Záchia que compareça à Mesa para assinar a
sua concordância.
(O Ver. Fernando Záchia comparece à Mesa.)
Em votação nominal a indicação do Ver. Fernando Záchia para o cargo de
1º Secretário. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADA
a indicação por 22 votos SIM, 08
votos NÃO.
Tendo em vista o resultado proclamado, declaramos eleito para o cargo
de 1º Secretário da Mesa Diretora deste Legislativo o Ver. Fernando Záchia.
Leremos, agora, a Declaração de Voto firmada pelos Vereadores da Bancada
do PT.
“Declaração de Voto
Votamos contra pela afirmação da proporcionalidade como critério de composição
da Mesa, a exemplo da Assembléia Legislativa.
Não há nenhum veto ou crítica à conduta política e parlamentar do Ver.
Luiz Fernando Záchia nessa nossa posição.
Sala das Sessões, 26 de fevereiro de 1996.
(a) Bancada do PT.”
Tendo em vista disposição regimental, estamos recebendo requerimento do
Ver. Fernando Záchia. (Lê.)
“O Vereador que este subscreve, vem, através deste, apresentar renúncia
ao cargo de Presidente da Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, tendo
em vista sua eleição para o cargo de 1º Secretário da Mesa Diretora deste
Legislativo e o impedimento previsto no Parágrafo único do Art. 28 do Regimento
da CMPA.
Sala das Sessões, 26 de fevereiro de 1996.
(a) Ver. Fernando Záchia,
Presidente da CCJ.”
Tendo em vista a posse do Ver. Fernando Záchia, na lª Secretaria desta Casa, imediatamente
recebemos Requerimento firmado por S. Exa. renunciando ao cargo de Presidente
da Comissão de Constituição e Justiça, que será interinamente, até a eleição do
novo Presidente da Comissão de Justiça, terá seu Vice-Presidente no exercício
da Presidência, Ver. João Motta.
Concedemos tempo para pronunciamento ao 1º Secretário eleito e empossado,
de acordo com o art. 94, § 1º, “f”, do Regimento.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. É um momento difícil, porque renuncio à Presidência da Comissão e
Justiça, onde tinha o máximo interesse em desenvolver um trabalho bom, de
extrema necessidade para esta Casa. Gratifico-me no momento da eleição para 1º
Secretário, pois tenho certeza de que aqui na Mesa, juntamente com os Srs.
Vereadores, poderemos dar prosseguimento a esse trabalho. Eu acho que é
importante, primordial a função de primeiro Secretário, e não podemos esconder
isso, que é um ano eleitoral, principalmente na tramitação, na normalização dos
processos nesta Casa. Para que isso ocorra, eu tenho certeza disso, vai ser
necessário, Sr. Presidente, a colaboração muito grande dos funcionários desta
Casa e, principalmente, dos Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convocamos o Sr. 1º
Secretário para que assuma seu lugar à Mesa a fim de proceder à verificação de
quórum para a Ordem do Dia, deferindo-lhe a competência legal de fazer a
verificação.
Antes, agradecemos os prestimosos trabalhos prestados pelo Ver.
Reginaldo Pujol, no tempo em que o Ver. Geraldo de Matos Filho esteve
licenciado desta Casa para tratar de assuntos de interesse particular. Contamos
sempre, durante esse período breve, mas fecundo, com a colaboração valiosa,
preciosa, amiga, assídua e competente do Sr. 2º Secretário Ver. Reginaldo
Pujol. (Palmas.)
(Procede-se à verificação de quórum.)
Há quórum. Passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2444/93 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 070/93, que cria o cadastro de
estabelecimentos comerciais, estabelece normas para a comercialização de
produtos sintéticos à base de benzeno, tolueno, éter e demais produtos tóxicos
voláteis, estabelece multas, e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 02 e 03.
pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela
aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CEDECONDH. Relator Ver. Giovani Gregol:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da COSMAM. Relatora Vera. Clênia Maranhão:
pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa Subemendas
nºs 01 e 03 à Emenda nº 03 ao PLE nº 70/93, ambas de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol.
Requerimento de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, solicitando sejam as Subemendas
apregoadas dispensadas do envio às Comissões para apreciação.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Apregoamos destaque à expressão “e quando necessário, restringir-se-ão
a lavratura de auto de constatação e a advertência para a cessão imediata da
infração”, constante da Emenda nº 01, de autoria do Ver. João Dib.
Deferido pela Mesa.
Sobre a mesa, Requerimento assinado pelo Ver. Guilherme Barbosa, solicitando dispensa do envio às Comissões das Emendas nºs 04 e 05.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
O SR. DARCI CAMPANI (Questão
de Ordem) : Havia
uma resolução, no ano passado, de que não seria mais distribuído xerox dos
projetos de lei, e hoje o Projeto de Lei foi distribuído e no espelho do dia
foram anexadas várias folhas em branco e eu pergunto se há uma nova orientação
da Mesa ou foi um descuido? Lembro que a quota de xerox por vereador foi
aumentada exatamente porque não mais seria distribuído material no Plenário, se
vai haver distribuição novamente no Plenário será reduzida a quota de xerox dos
vereadores?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece o zelo pela
economia manifestado pelo vereador, creia que este Presidente vai manter essa
linha de coerência com a Casa e consigo próprio, informa também que a distribuição
desse material se deveu ao zelo da Diretoria Legislativa em razão de emendas
terem sido apresentadas e para que os senhores vereadores tivessem um conjunto
de material em condições de apreciação da matéria com acompanhamento sem quebra
da comunidade de um trabalho parlamentar da melhor qualidade. Talvez por um
equívoco houve nos espelhos folhas em branco, foi erro na elaboração do
material, o que ensejará um apelo desta Presidência aos setores encarregados da
Casa para terem o maior cuidado com esse material que representa um cuidado com
o dinheiro e verba pública.
Em discussão o PLE nº 70/93.
Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa para discutir o PLE nº 70/93.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, importante Projeto na Ordem do Dia de origem do Executivo, que
pretende regulamentar a venda de produtos tóxicos, nominadamente, benzeno,
tolueno, éter e outros que são usados, muitas vezes, de forma não devida,
aumentando a dependência química de adultos e inclusive crianças.
As nossas comissões já apresentaram uma emenda que faz algumas correções
no texto do Projeto; em seguida, o Ver. Jocelin apresentou também duas emendas,
uma delas, inclusive, que tenta corrigir o problema que o texto original do
Projeto, também na minha opinião traz, que era uma colocação em uma ordem não
bem definida, no que diz respeito à multa e reincidência; na Emenda nº 2,
tentando corrigir este problema do texto original, o Vereador estabelece uma
ordem mais determinada, ou tenta apresentar um texto que recupera esta questão
da ordem no Projeto. No entanto, me parece, e por este motivo a Emenda de nº
04, que vai ficar muito mais claro se nós, simplesmente, Ver. Jocelin, trocamos
a ordem entre os artigos 10º e 6º, porque inicialmente o artigo 10º estabelece
as multas, e o art. 6º se refere à renovação do descumprimento da lei. Então,
com esta troca de artigos, eliminamos esse problema inicial ao qual me referi.
E, também, a Emenda nº 5, de nossa autoria, corrige um erro original que, de
certa forma, a Emenda de V. Exa. mantém. Amplio - assim como a Emenda de V.
Exa. - as multas com um valor um pouco menor do que o proposto pelo Ver.
Jocelin, mas dez vezes maior ao que o Projeto original propunha. Temos que
corrigir um erro técnico. Não temos mais a URM; temos a UFM - Unidade Fiscal do
Município. Assim, com a parte inicial da Emenda nº 5, aumentamos a multa que o
Executivo propunha e corrigimos esse erro. No caso do Executivo, não foi erro,
porque, em 93, ainda havia a URM.
A segunda parte da nossa Emenda, no art. 6º, trata da questão da
reincidência, duplicando a multa enquanto aplicamos a seqüência de punições que
o Projeto do Executivo propõe. No art. 6º, o Executivo propõe, caso haja
reincidência, progressivamente o descadastramento, a apreensão da mercadoria, a
interdição do estabelecimento e, por fim, a cassação do alvará. Enquanto esse
processo, que não é rápido - admite recursos - se dá, proponho que haja, caso a
reincidência se dê, a duplicação da multa aplicada da primeira vez.
Na nossa Emenda nº 5, alocamos - assim como V. Exa. já havia feito - os
recursos...
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir se
inscreve e cede seu tempo a V. Exa..
O SR. REGINALDO PUJOL
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, gostaria de saber se está sendo discutida alguma emenda
de Liderança que não tenha sido analisada.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V. Exa. que
na sua ausência foi aprovado Requerimento de dispensa de análise das Emendas. A
palavra com o Ver. Guilherme Barbosa para discutir o PLE nº 70/93.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Agradeço ao Ver. José Valdir
pela cedência do tempo. Então eu dizia que os recursos advindos das multas,
tanto pela emenda do Ver. Jocelin Azambuja, quanto pela emenda de minha
autoria, devem ir para o trabalho das tarefas de combate à utilização de drogas
de nosso Município. Ver. Jocelin, na emenda de V. Exa. existe um problema técnico, pois a sua emenda encaminha os
recursos para o fundo do conselho municipal de entorpecentes. Quero dizer que
não existe o fundo municipal de entorpecentes, ainda, inclusive, eu espero que
ele venha a existir. Agora, se a emenda ficasse com o texto proposto pelo
Vereador Jocelin Azambuja, seria inócua. Com a redação que eu proponho, esses
recursos utilizados pelo Executivo Municipal com o aval do Conselho Municipal
de Entorpecentes para o combate de uso de drogas, pelo Município, sem ser ele
locado ao fundo, porque o fundo não existe. Caso a emenda do Vereador for
aprovada, ela não poderá ser aplicada.
Por último, eu proponho a inclusão de um parágrafo terceiro ao artigo 7º
do projeto original do Executivo, apenas para ficar bastante claro e valorizar
os conselheiros de combate aos entorpecentes, dizendo que os conselheiros
municipais de entorpecentes são credenciados natos para a fiscalização do
disposto desta lei. No texto original do Executivo determina que ele, através
da Secretaria Municipal da Saúde, irá credenciar fiscais para o cumprimento da
lei. Quero acrescentar, através deste parágrafo terceiro do artigo 7º, para que
os conselheiros que compõem o Conselho Municipal de Entorpecentes sejam - e
acredito que todos irão aprovar - fiscais natos do cumprimento dessa lei,
fortalecendo o próprio Conselho e a figura dos conselheiros municipais que combatem
o uso de drogas. Portanto, eu peço o apoio dos Srs. Vereadores às emendas 4 e
5, além, evidentemente, do voto favorável - que acredito que será de todos - ao
Projeto do Executivo, porque através dessas emendas acho que o Projeto fica
mais objetivo, mais claro e mais eficiente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: O Ver. Reginaldo Pujol se
inscreve e me cede seu tempo.
O SR. PRESIDENTE: Eu gostaria que a Liderança
da nobre Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro comunicasse a esta
Presidência, pois, embora não duvidemos da palavra de V. Exa., não temos nenhum
elemento nesse sentido. O Ver. Reginaldo Pujol se inscreve, isso sim, não falou
e pode falar em discussão. Ele cede o tempo para o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem) : Quando
a liderança de um partido não está presente, a substitui a Vice-Liderança e,
quando nem a liderança, nem a Vice-Liderança estão presentes, qualquer vereador
do partido que estiver presente fala pela liderança da bancada. Sempre foi
assim nesta Casa. Por isso, faço questão de registrar que, pelo menos com
relação ao PTB, qualquer um dos quatro vereadores, na ausência da liderança,
pode falar em nome do partido.
O SR. PRESIDENTE: Esta presidência esclarece a
V. Exa. que, no uso do tempo de liderança, não há nenhum óbice regimental para
que se valha desse critério afirmado por V. Exa.. No entanto, para cedência de
tempo de inscrição, há necessidade da cedência do vereador inscrito. Na
ausência do vereador inscrito, a titularidade para responder a questões de
cedência de tempo, pertence à liderança e à Vice-Liderança. Na ausência
momentânea, essa Mesa, no cumprimento do Regimento Interno, entendeu que não
podia aceitar aquela cedência, inclusive, se a Mesa for exigente na sua
plenitude, tem que ser por escrito, mas foi liberal nessa questão. Como não
havia líder aqui, no momento, ela tomou essa posição. Resolveu-se a questão,
porque o Ver. Reginaldo Pujol, da bancada liberal, que estava inscrito, cedeu o
seu tempo ao nobre Ver. Jocelin Azambuja e não houve problema nenhuma ao
exercício da palavra.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem) : Reconheço
o acerto de V. Exa. e se, porventura, o Ver. Reginaldo Pujol precisar, nós
cederemos tempo para ele.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está
com a palavra, para discutir.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Em primeiro lugar, agradeço ao nobre Ver. Reginaldo Pujol pela sua
atitude cortês. Por outro lado, estranho a posição do Presidente, uma vez que o
Ver. Paulo Brum cedeu o seu tempo, na sua frente, comigo presente. Estranho que
o Sr. Presidente tenha, por uma questiúncula, desconsiderado a palavra deste
Vereador. É o Presidente e o respeito na sua posição, mas ele não agiu
corretamente com este Vereador.
Quanto à matéria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na quarta-feira
passada, quando ela estaria sendo votada, de forma errônea, porque o Projeto
estava mal formulado, nós alertamos a Bancada governista e os Vereadores desta
Casa sobre as correções que deveriam ser feitas. Fizemos, rapidamente, algumas
emendas, buscando fazer alguns encaminhamentos que achávamos importantes, e o
Ver. Guilherme Barbosa apresentou outras emendas semelhantes às nossas,
colocando pontos que ele acha importantes para a elucidação da matéria, mas,
acima de tudo, buscando a autoria das emendas, o que é o mais importante para o
Vereador. Fizemos as subemendas que corrigem as expressões que estavam erradas
no Projeto do Governo e nas nossas Emendas de nºs 2 e 3. Com as duas subemendas
ficam resolvidas as questões técnicas levantadas pelo Ver. Guilherme Barbosa.
Com isso, ficará para a apreciação dos Srs. Vereadores a votação da matéria e a
proposição que fizemos. De qualquer maneira, aprovada a minha Emenda ou a
Emenda que o Ver. Guilherme Barbosa apresentou depois, o espírito que queríamos
era que o dinheiro das multas revertessem, em primeiro lugar, para o Conselho
Municipal de entorpecentes. Para nós isso está preservado; se os Vereadores optarem
por votar na nossa Emenda, ficaremos contentes; senão, estaremos, da mesma maneira,
tranqüilos e contentes por saber que o dinheiro irá para o lugar certo.
O segundo aspecto é o das multas. Olhamos o Projeto e vimos que as
multas eram irrisórias, simbólicas. Projetamos multas mais pesadas, valores
mais significativos. O Ver. Guilherme Barbosa fez outra sugestão de valores,
mas não importa, o nosso princípio também foi adotado pelo Vereador que
apresentou as emendas posteriores, que é de buscar fazer com que haja valores
mais significativos de multas para os infratores.
Estamos satisfeitos, pois o que levantamos foi significativo,
importante, mostrou que o projeto pecava por omissões e os erros que continha
estão sendo corrigidos. E se os colegas Vereadores optarem por votar nas nossas
duas emendas, com as subemendas competentes, estará resolvido o problema. Mas,
se optarem por votar nas do Ver. Guilherme Barbosa, também estará resolvido o
problema. Ficaremos satisfeitos de qualquer maneira, porque vimos que os
questionamentos que fizemos nessa tribuna eram importantes, necessários, e o
dinheiro irá reverter para o lugar certo. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência esclarece
ao Ver. Jocelin Azambuja que tem enorme respeito por S. Exa., plena
confiabilidade, bem como pelos demais 32 Vereadores. Agora, não podemos fazer
cortesias e liberalidades, pois, acima deste Vereador, existe uma lei escrita e
institucionalizada que obriga a determinações que podem até vir a atingir a ele
próprio. Portanto, devemos obediência ao Regimento Interno, que define que a
cedência é feita pelo Vereador titular do tempo, e, na ausência dele, pelo
líder. Há algum tempo esta cedência fazia-se por escrito, hoje não existe mais
essa determinação. Mas, a cedência deve existir. Em nenhum momento duvidaria da
palavra de V. Exa..
Era este o esclarecimento que gostaria de fazer.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Talvez V. Exa. não tenha
visto que quem pediu que o Ver. Paulo Brum se inscrevesse fui eu, e lhe chamei
a atenção, para que V. Exa. atendesse o
Vereador Paulo Brum. V. Exa. talvez não tenha percebido e compreendido a intenção
dele. Mas, de qualquer maneira, sinto-me satisfeito. Espero que o seu rigorismo
seja o mesmo durante todo o ano legislativo.
O SR. PRESIDENTE: Não há dúvida disso, uma vez
que esta Presidência não é obrigada a ficar atenta às manifestações visuais e
fisionômicas do nobre Ver. Jocelin Azambuja.
O Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLE 70/93.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, absolutamente contra a idéia do Executivo em regulamentar a
comercialização de produtos sintéticos à base de benzeno, tolueno e os demais
produtos tóxicos voláteis e estabelece multas e dá outras providências. Há, no
seu art. 7º, que “caberá à Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social fazer
cumprir o disposto nesta Lei, através de agentes por ela credenciados”. No § 1º
diz que agentes credenciados são os funcionários públicos ou não, portadores de
carteira específica de identificação, fornecida pelo Secretário Municipal de
Saúde e Serviço Social. É claro que acho isso uma aberração, acho impossível
que ocorra, que pessoas estranhas ao Quadro Municipal estejam fazendo
fiscalização pelo Executivo, mas o Ver. Clovis Ilgenfritz faz aqui uma Emenda
que, no meu entender, corrige. Ele diz que agentes credenciados são os
funcionários públicos, portadores de carteira específica de identificação,
fornecida pela Secretaria Municipal de Saúde, competindo-lhes, entre outras
funções”, tais e tais. Tudo muito bem, mas, no § 2º, ele diz: “A SMSSS poderá
também credenciar agentes indicados por entidades civis, sem fins lucrativos, tendo esses ação educativa”. Eu acho
que aí deveria parar a proposição do Ver. Clovis Ilgenfritz e, quando
necessário restringir-se-ão à lavratura de auto de contestação, constatação
circunstanciada e advertência para cassação imediata da infração. Até porque
está criando uma figura nova de auto de constatação e advertência para cessação
imediata da infração. São coisas que não existem não competem exatamente a
estranhos aos quadros de funcionários da Prefeitura.
Então, eu acho que a Emenda
está muito boa, resolve o problema, desde que se tire essa última parte: quando
necessário restringir-se-ão à lavratura de constatação circunstanciado e
advertência para acessão imediata da infração. Esse ato de constatação não
existe.
Então eu proponho que seja aprovado o Projeto com a Emenda nº 1, mas
retirada essa parte que eu chamei atenção. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão.
Passamos aos encaminhamentos.O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para
encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Quero apenas relembrar a V. Exas.: a aprovação do Projeto a Emenda
nº 1, com essa discussão levantada pelo Ver. Dib. Mas é importante a aprovação
das Emendas 4 e 5, porque elas superam alguns problemas técnicos, e outros,
inclusive, de se colocar recursos em um fundo que não existe. Então é preciso
que se aprovem as Emendas 4 e 5, além de não haver mais o índice URM e, sim,
UFM. Então, relembrando aos Srs. Vereadores a necessidade da aprovação do
projeto, Emenda 1, Emendas 4 e 5. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. Em votação o PLE nº 70/93. Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a Emenda nº 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a expressão destacada “e, quando necessário,
restringir-se-ão à lavratura de auto de constatação circunstanciado e à
advertência para a cessão imediata da infração”. A votação será nominal. (Após
a chamada.) REJEITADA por 12 votos SIM, 16 votos NÃO. Retirada, portanto, do texto.
Em votação a Emenda nº 02. A votação será nominal por solicitação do
Ver. Guilherme Barbosa. (Após a chamada.) APROVADA
por 17 votos SIM, 11 votos NÃO.
Em votação a Emenda nº 03. A votação será nominal por solicitação do
Ver. Guilherme Barbosa. (Após a chamada.) APROVADA
por 16 votos SIM. Fica parcialmente
prejudicada a Emenda nº 05, no que se refere aos artigos 6º e 10º.
Em votação a Emenda nº 04. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 05, em sua parte não prejudicada. Os Srs. Vereadores
que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) A Mesa reconhece a dificuldade de
contar os votos contrários. Por isso, vai realizar votação nominal.
Em votação. (Após a chamada.) APROVADA
por 15 votos SIM, 12 votos NÃO. A Mesa informa que foi aprovada a
parte da Emenda 05 que trata da inclusão do parágrafo 3º do art. 7º.
Em votação a Subemenda nº 01 à Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Subemenda nº 02 à Emenda nº 03. Os Srs. Vereadores que a
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
REQUERIMENTOS
ENCAMINHADOS À MESA.
Requerimento de autoria dos Vereadores Elói Guimarães e Jocelin Azambuja,
solicitando renovação de votação do PLL nº 48/95.
Diz o Ver. Elói Guimarães na sua sucinta justificativa que “se trata de
matéria importante e complexa à luz do entendimento da autonomia das entidades
representativas de categorias. O reexame do Projeto em si se justifica”.
Com a palavra, para encaminhar,
o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Eu acho que um projeto desta natureza e importância deve ser reexaminado.
É nesse sentido que apelo ao Plenário da Casa para que se abra a possibilidade
de que se vote, favoravelmente, a renovação de votação, no sentido de se buscar
uma melhor avaliação sobre a matéria. Tivemos a oportunidade, quando da
votação, de discutir profundamente a matéria. Nós entendemos que se trata de um
projeto aprovado que mexe com a estrutura e a própria autonomia das entidades,
posto que coloca a espada de Dâmocles sob o pescoço das direções das referidas
entidades. Que modelo de democracia nós buscamos? Que relação nós devemos
estabelecer no seio da sociedade? Nós vivemos a proclamar autonomia, assentada
nos princípios democráticos. Na medida em que nós inserimos mecanismos de
controle externo às entidades, nós comprometemos a autonomia. Historicamente,
cobrávamos a autonomia dos sindicatos que finalmente conseguimos. As entidades,
embora de natureza pública, são entidades privadas, são representações das diversas
categorias, em especial dos estudantes, que têm os mecanismos de controle. Isso
significa estabelecer uma permanente fiscalização, uma verdadeira auditoria,
permanente, junto a certos organismos. Esse modelo de representação nós não
queremos. Nós queremos um modelo democrático para o conjunto da sociedade, em
especial para as representações e, mormente, para as representações estudantis,
para os estudantes, para a sua formação. Nós queremos órgãos altamente
responsáveis que tenham os mecanismo internos de fiscalização. Nós não podemos
admitir - partam de onde partirem - ingerência na administração, na autonomia
dos referidos organismos. Isso me parece ser uma iniciativa que mexe na
estrutura; é estrutural, não é circunstancial. Não se trata de mandar um
balanço analítico; trata-se, sim, de fazer com que as entidades se submetam às deliberações
que a Auditoria do Município, através de Emenda aprovada, ou a Secretaria da
Fazenda fiscalize os referidos órgãos. Temos que repensar, para modelar as
nossas entidades, os nossos organismos representativos de verdadeira autonomia,
de autêntica autonomia e não ficarmos submetendo esses organismos a
determinadas fiscalizações. Se o organismo se desvia de suas finalidades, cabe
à sociedade como um todo, à Câmara Municipal, seja quem for, exercer...
O SR. PRESIDENTE: A Mesa lembra aos Srs.
Vereadores que há um orador na tribuna. Vamos dar atenção ao seu importante
pronunciamento. Ver. Raul, faço um apelo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Não me molesto com
Vereadores desatentos, absolutamente, porque falo para os Anais e, falando para
os Anais, estamos falando para a história, para a história da Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não adverte, mas
lembra a V. Exa., como escrava do Regimento que é, que, no período de
encaminhamento, V. Exa. não pode conceder apartes, embora conheça o caráter
tolerante de V. Exa..
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Então, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, fica aqui a nossa manifestação, nosso pedido, nosso pleito para que
esta matéria o Plenário da Casa renove no sentido de se abrir oportunidade para
que Vereadores que não puderam participar da última votação possam votar esta
matéria.
Entendo que é uma alteração na estrutura orgânica das referidas
entidades. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que, no
processo de renovação de votação, o Requerimento pode ser apreciado a qualquer
momento, sendo que a votação é no dia subseqüente do dia de votação, art. 196
do Regimento.
Há silêncio quanto ao momento de exame do Requerimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, na medida em que levantei essa questão junto com o Ver.
Jocelin, independente de nossas posições, não querendo contestar a Mesa, apenas
queria deixar registrado, pois, de certa maneira, vai-se quebrar uma tradição
da Casa de que normalmente se fazia a apresentação desses requerimentos na
Sessão seguinte, na 2ª Sessão se fazia a apreciação com o voto do Requerimento
e, na 3ª Sessão, a votação.
Pessoalmente não tenho óbices, mas me preocupa, porque os estudantes pediram
Tribuna Popular para quarta-feira e vamos acabar atropelando o processo e
decidindo sobre a renovação antes de se ouvirem os estudantes. E embora eu seja
o autor do processo, espero poder renovar a posição favorável ao processo, não
gostaria, de maneira nenhum, de abrir precedente que pudesse prejudicar outros
interesses, até porque outros Vereadores tiveram a mesma impressão em relação a
essa questão, mas gostaria que, daqui para a frente, usemos sempre o mesmo
critério.
O SR. PRESIDENTE: Lembro a V. Exa. que, na
sexta-feira passada, esta Presidência deferiu o Requerimento de Tribuna Popular
de representantes do Movimento Estudantil. Entende esta Presidente que, como
será aprovado o Requerimento de renovação, a matéria será incluída na Ordem do
Dia subseqüente à votação do requerimento. Portanto, sob esse aspecto, não
haveria prejuízo. Eu, até com humildade, assumindo recentemente a Casa, não me
recordo que o enfoque tenha sido outro.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem) : Sr.
Presidente, a interpretação de V. Exa. está correta, porque o que deve ser
apresentado, na Sessão subseqüente ao da votação da matéria, é o Requerimento.
O Requerimento foi apresentado e V. Exa. disse bem, pois o Regimento é omisso
ao dizer quando é que esse Requerimento de votação deva ser votado. O Regimento
diz que, depois de aceito o Requerimento, na Sessão subseqüente deve ser votada
a renovação da matéria. É isso que diz o Regimento. V. Exa. não está ferindo o
Regimento, assim como os outros Presidentes também, que agiram de forma
diferente, não feriram. V. Exa. está exatamente dentro do Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Isso apenas ilustra a
experiência da Diretoria Legislativa, que diz que os dois critérios de votação
de Requerimento sempre foram adotados e que só não se votava o Requerimento,
quando não se chegava a tempo na Ordem do Dia em que o Requerimento foi
aprovado, no momento dos requerimentos, para apreciação dos mesmos. O que, no
caso, aconteceu com a presente renovação de votação. Eram esses os
esclarecimentos que a Mesa gostaria de formular a V. Exas.
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar o Requerimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Eu quero dizer que, como autor do Projeto, e conversando com uma
série de Vereadores aqui no Plenário, desde sexta-feira passada, eu dizia que,
estava tranqüilo com o resultado da votação de sexta-feira, uma votação
absolutamente expressiva, 18 votos favoráveis ao projeto, contra 3. Poderá ter
alguma modificação, mas me parece que não terá uma modificação fundamental no
resultado final. Mas, assim mesmo, não gostaria, de maneira nenhuma, de impedir
que esse discussão prosseguisse, porque, ao contrário do que diz o Ver. Elói
Guimarães, no encaminhamento do Requerimento de sua autoria, não existe, eu
quero frisar bem isso aos estudantes que se encontram na Casa, não existe a
intenção de ferir autonomias. Mas existe sim uma intenção muito clara de fazer
aquilo que cabe a esta Casa de propiciar que isso seja feito ao Poder Público
Municipal, seja com quem for. E não vejo por que motivo deva se tratar discriminatoriamente,
diferenciadamente, entidades apenas porque elas sejam estudantis, ou qualquer
outras.
Por emenda do Ver. Braz, nós inclusive acatamos, e esta Casa aprovou também
esta emenda estendendo esse controle, essa fiscalização a outras instituições
que venham a receber o vale transporte, ou enfim, qualquer outras benesses que
mexam com isso que é sim dinheiro público. Porque a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, que representa a população da Cidade, abre mão de uma cobrança,
abre mão de uma possibilidade de fiscalizar e de legislar sobre tarifa de
ônibus fazendo com que outras pessoas peguem mais caro para que um segmento
seja privilegiado.
Na verdade, é isso que nós temos: os estudantes com a meia passagem e
outras pessoas, através da APAE e outras entidades, sem nenhum pagamento de
passagem, eles são beneficiados e oneram um outro segmento da população que
pega mais caro, para que esses tenham privilégio. É justo, portanto, que esses
que tenham privilégios, através das suas instituições façam uma prestação de
contas mínima. É só isso que nós queremos e isso tem sido um pedido de todo
mundo e, aliás, foi pedido pelos próprios estudantes. É justo que eles também
façam a sua prestação de contas. Eu não entendo por que queiram se esconder,
queiram se negar a essa fiscalização. Não pretendo fugir à essa discussão e,
dizia o Ver. Nereu D’Ávila, Líder do PDT, como dizia ao Ver. Fontana, Líder do
PT, outros companheiros com quem conversei aqui, o próprio Ver. Jocelin
Azambuja tem uma posição contrária a minha. Acho que a discussão pode continuar,
não tem problema nenhum. Quero deixar bem claro, de maneira pessoal, aceito,
sem nenhum problema, a renovação de votação; sobretudo, Ver. Elói, porque
continuo aquele Vereador de 14 anos atrás, que entrou nesta Casa e encontrou em
V. Exa. o apoio num debate determinado. Até por respeito a V. Exa. e respeito
aos estudantes. Sem nenhum problema. Agora, acho que é importante, de toda
maneira, que nós tentemos ver o Projeto sem preconceitos, sem paternalismo, sem
segundas intenções, discutindo aquilo que ele, efetivamente, propõe. Sobretudo,
confio evidentemente, no posicionamento, no discernimento de cada Vereador.
Disse aqui, sexta-feira passada, e repito, para mim esse Projeto é mais
um projeto que se apresenta na Casa e que se discute com tranqüilidade, acho
que ajuda a vida na Cidade, que ajuda esse esforço que se faz, no sentido de
transparência, genericamente, de todos os segmentos e, evidentemente, somos 33,
vamos decidir pela maioria, sem nenhum problema.
Portanto, em respeito ao Ver. Elói, aos estudantes que aqui se fazem
representar, e outros que não estão aqui representados, e que tantas e tantas
vezes levantaram dúvidas sobre prestação de contas nos seus grêmios estudantis
ou em outras entidades quaisquer e procuraram muitos dos vereadores dessa Casa,
em diferentes ocasiões, historicamente, espero que nós possamos fazer essa
discussão. Não sei o que acrescenta mais dois ou quatro dias, mas não sou de
fugir, Ver. Elói, das discussões, V. Exa. sabe disso muito bem, e sobretudo
respeito as decisões que alguns dos líderes das Bancadas encaminharam no
sentido de entender que é democrático fazer a rediscussão. E confiando na
posição não tem por que fugir de maneira nenhuma. Portanto, voto favorável à
renovação de votação e até apelo aos companheiros Vereadores no sentido de que
votem favorável, façamos a rediscussão e confirmemos aquela decisão que nós
tiramos aqui, na sexta-feira, com clareza de que todos são iguais
definitivamente perante a Lei. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga) : O
próximo Vereador a encaminhar o Requerimento, Ver. Luiz Braz. Não são
permitidos apartes.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu, particularmente, sou avesso a essa quantidade de renovações de
votações que temos aqui, nesta Câmara, porque, imaginem os senhores, que nós
perdemos muito tempo votando matérias mais de uma vez. Eu acredito que possamos
dar um tratamento a esse item do nosso Regimento. Estamos fazendo isso; sou
Relator da Comissão que cuida do 9º Regimento da Casa. Queremos fazer com que
as renovações possam se dar de uma forma mais consensual. Seria justo que uma
renovação fosse votada por dois terços de Vereadores. São propostas que devem
vir ao plenário para que o instituto da renovação, que hoje pode beneficiar um
segmento da Casa, amanhã não venha a prejudicar o segmento que dele se
beneficiou.
Queremos que, apesar desse novo tratamento que queremos dar ao Regimento,
essa renovação seja aprovada, até porque, na nossa Bancada, tivemos uma divisão,
quando da votação do Projeto de Lei. Uma parte da Bancada ficou contrária e a
outra parte ficou favorável ao Projeto. Eu quero ouvir as outras lideranças que
não estavam presentes naquele dia, e que querem participar dessa discussão. É
lícito que todos queiram participar, trazendo argumentos, mas, também, acho que
nós devemos dar todos os instrumentos necessários para que a fiscalização do
Município possa ser exercida sobre todo o patrimônio público, em qualquer setor
em que ele estiver presente.
A possibilidade de alguém andar de ônibus, ganhando uma certa benesse,
é facultada pelo patrimônio público e por isso tem que ser fiscalizado. Não
podemos, simplesmente, abrir mão dessa fiscalização, dizendo que são muito
conscientes os nossos alunos, as pessoas que tratam com os excepcionais. A
questão da fiscalização tem que ser tratada com muita seriedade. Vamos para uma
Renovação de Votação, vamos confirmar o nosso voto. Particularmente, quero
confirmar o meu voto a favor ao Projeto,
ele não tira nenhum benefício dos estudantes, nem de qualquer outro segmento
que seja beneficiado com a tarifa mais baixa. Cabe ao Município essa função de
fiscalizar da melhor forma possível, essa função de fiscalizar, de acordo com o
Ver. Darci Campani, foi dada para a Auditoria-Geral do Município, acho que
ficará muito bem na Auditoria-Geral do
Município essa função de fiscalizar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro
Américo Leal.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não é contra o projeto a minha vinda à tribuna, é contra a
renovação de votação. Parece que há estudantes aqui que estão interessados
nesta renovação de votação, eu acho uma perda de tempo a renovação de votação.
Acho que uma vez votada a matéria não cabe mais ela voltar à baila para merecer
uma outra votação. Será que os presentes estão arrependidos da sua votação?
Isso depõe mal contra os próprios vereadores, eles estão inseguros, fizeram uma
votação apressada, sem fundamentação? É o que se pergunta, mas, de qualquer
maneira, nós estamos fazendo a revisão do Regimento Interno e pretendemos, de
uma ver por todas, colocar esse item em questão. A renovação de votação só deve
ser colocada em caso de dilema, num caso drástico em que a votação dependa de
um voto e que fique equilibrado de tal maneira que precisa se votar outra vez,
assim é possível se fazer uma outra votação. De qualquer forma, neste caso em
tela, seremos favoráveis a renovação de votação como temos sido em todos os
casos desta Câmara até que o Regimento Interno dê outro rumo a essa questão.
Todos os vereadores devem sentir isso, até depõe contra o elenco de vereadores.
Voltam atrás, por quê? Por que renovar a votação? Se sentiram inseguros, houve
algum argumento que, de repente, fez com que a votação seja revista? É uma
matéria enfadonha, depõe contra os vereadores, uma votação que sofra uma
renovação e que dê outro resultado, como o caso do Ver. Dilamar Machado: Ver.
Dilamar Machado teve um caso de renovação de votação, aqui, e eu votei com V.
Exa., e que na verdade ficou bruxuliante, deu a impressão de que os Vereadores
se deixaram levar pela mídia, e não pode, em absoluto, os Vereadores serem
levados pela mídia. Diz a Vereadora Maria do Rosário, que pelos argumentos. É
um recurso, mas de qualquer forma, eu venho aqui à tribuna dizer que vai ser
feita a renovação de votação, acho que todos os Vereadores vão concordar, mas
que este caso vai ser revisto de uma vez por toda nesta Câmara. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Colocamos em votação
Requerimento de renovação de votação, firmado pelo Ver. Elói Guimarães.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver.
Guilherme Barbosa.
Sobre a mesa, Requerimento da Mesa Diretora desta Casa, em que requer,
após os trâmites regimentais, seja realizada dia 26/03/96, às 17 horas, Sessão
Solene destinada a comemorar o aniversário da Cidade de Porto Alegre.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, inicialmente quero dizer que o tema que me traz à tribuna,
novamente, é o tema do Orçamento Participativo. Queria deixar aqui, depoimento
pessoal, inclusive, como membro da direção estadual do Partido, e sei que falo
em nome do Ver. João Motta que está presente.
Nós achamos que o momento político atual requer o máximo de empenho
especial das siglas do PT e do PDT, no sentido de conseguirmos, em nível
nacional, face aos grandes problemas que afetam o povo brasileiro, formar uma
frente capaz de se mostrar competente, eficaz para o exercício da oposição em
nosso país. Nós consideramos que é fundamental que se coloque para a população
brasileira algumas questões que estão sendo mascaradas pela mídia, pela grande
imprensa e pelo novo partido que surgiu no Brasil nos últimos tempos, que se
chama FHC. É uma nova sigla que está sendo colocada aí pela Rede Globo, acima
de qualquer outro partido, inclusive acima dos seus apoiadores. Mas,
infelizmente, às vezes, estamos trabalhando no sentido de não manter questões
que são fundamentais para buscar as nossas convergências, buscar as nossas
questões, aquelas que nos unem, e não desengavetar questões que pudessem criar
mal-estar ou afastar companheiros que têm compromisso social, popular, que têm
compromisso com mudança, com transformação, contra a política neoliberal que se
instala no País com tendência de comando mundial, atingindo não só o Brasil,
mas os países da América Latina numa ação coordenada e desencadeada há muitos
anos para criar a segregação, o “apartheid”, para criar dois tipos de
sociedade: daqueles que desfrutam da riqueza, do comando do processo de
desenvolvimento; e dos que produzem, mas ficam fora das benesses do
desenvolvimento por eles produzido. Vou deixar bem claro que nós, como primeiro
vice-presidente do PT, em nível de Estado, estamos tentando aqui buscar
convergência com os partidos da esquerda, os partidos que têm compromisso
popular e, no caso, com o PDT no Estado e no País. Nós sabemos que existem
algumas feridas, alguns problemas, principalmente aqui, no Rio Grande do Sul e
em Porto Alegre, mas isso não nos inibirá de ter a capacidade de superar essas
diferenças e garantir um processo de amadurecimento. E aí eu vejo um comando
sereno, tranqüilo, bem firme, do Presidente nacional do PDT Leonel Brizola, e
Sereno Chaise, aqui, no Rio Grande do Sul, bem como Lula, José Dirceu e Olívio
Dutra. Então, colocando claramente, a nossa posição é de luta contra as
estruturas que estão escravizando, maltratando, o povo brasileiro. As outras
questões passam a ser secundárias.
Nós vamos disputar as eleições nacionalmente num momento em que essas
eleições passam a ser plebiscitárias, uma forte vinculação na luta de classe
nesse país. Já aconteceu na eleição de 19994, quando Fernando Henrique Cardoso
uniu todos os setores, que eu diria conservadores, de direita, de políticas
compatíveis com suas ideologias, inclusive, ignorando, naquele momento,
candidaturas populares importantes, cujas raízes tinham muito a ver com o
momento eleitoral. Ninguém ignora que Quércia era um candidato com
potencialidade eleitoral muito grande; Leonel Brizola era um candidato com
potencialidade eleitoral muito grande, sem citar - mas sou obrigado, afora não,
existisse o Lula - e eles sentiram isso e resolveram não dividir. Todo o
esforço foi feito para não deixar que Lula fosse eleito, todo o esforço, para
garantir uma posição que vinha sendo colocada pelas ditaduras a América Latina
toda sofreu o mesmo processo e aqui no Brasil ele se estabelece com vigor
inquestionável. Nós não podemos menosprezar a capacidade de dominação desses
setores que hoje estão no poder. É por isso que não dá mais para tergiversar e
ficar levantando questões secundárias ou até pessoais, que possam nos
distanciar. Mais uma vez transfiro para outra data a minha posição sobre essa
questão do Orçamento Participativo, que é uma questão que vai longe, para dizer
que nós continuaremos fazendo um esforço para reunir, tanto em Porto Alegre,
para as eleições municipais, como em muitos municípios do Rio Grande do Sul,
para reunir as forças populares, as forças que estejam comprometidas e possam
se comprometer na luta contra o neoliberalismo de FHC e à política de FHC e de
Britto e numa luta fundamentalmente em cima de um programa, com postulados que
garantam a melhoria da qualidade de vida. Nós queremos desenvolvimento,
estabilidade, moeda forte, mas não podemos pagar os juros que estamos pagando
com o dinheiro público para alimentar os cofres do Sistema Financeiro e do FMI,
dos bancos que são nossos credores.
Quando dizem que é o funcionalismo público, que a máquina do estado é
que é inchada, que é essa que está criando problemas para o erário público,
isso não é verdade, porque em um ano, dois anos de governo, nos últimos tempos,
sem nenhum aumento para o funcionalismo público, o que nós vimos? Aumentar
enormemente os gastos públicos. Não foi dos funcionários. Não houve aumento da
máquina, não houve aumento de despesas, porque não houve aumento do salário. O
Salário continua sendo arrochado, no entanto, nós cada vez devemos mais. Hoje,
a dívida pública interna e externa é incalculável. Em 63 não era! Em 63 a nossa
dívida externa era de três bilhões de cruzeiros. Hoje, nós estamos com cento e
quarenta e com uma dívida interna quase igual e o Sistema Financeiro recebendo
quinze bilhões de reais para ser realimentado, o que é mais grave. É muito mais
grave, como diz o Ver. Pedro Américo Leal. A dívida interna atinge diretamente
o orçamento da Nação e não deixa com que se façam investimentos na questão
social, no desenvolvimento, saúde, etc. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem) : Sr. Presidente, respeitosamente com os Vereadores que se seguem, eu
pediria para usar o Tempo de Liderança, pois eu havia combinado com o Ver.
Isaac Ainhorn que iria me pronunciar antes da eleição do Ver. Záchia. O Sr.
Presidente pediu que me pronunciasse depois, e acabou que não me foi dado
tempo. Gostaria de fazer um registro a respeito do escritor Caio Fernando
Abreu.
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PSDB. O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, sei que esta Casa já fez, no início da tarde, um minuto de silêncio
em homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu, nascido na Cidade de Santiago,
mas me vejo moralmente obrigado a fazer esse registro no Tempo de Liderança do
PSDB, em primeiro lugar, porque me sinto diretamente identificado com o Caio:
os dois tínhamos exatamente a mesma idade - 47 anos; nascemos no mesmo ano de
48. Em segundo lugar, porque Caio Fernando Abreu, da nova geração de escritores
do Rio Grande do Sul, é, talvez, o escritor que melhor fixou a Cidade de Porto
Alegre, através de seus contos, através de suas reportagens, através de seus
romances. Em terceiro lugar, porque o Caio se tornou, desde o primeiro livro,
não só enquanto escritor, mas também enquanto cidadão, enquanto indivíduo, um
símbolo, realmente, dessa que podemos chamar “geração dos anos 60 e 70”, uma
geração que, num certo momento, na América, ficou sem lugar; perdeu o antigo
discurso, Ver. Pedro Américo Leal, aquele discurso da participação política,
aquele discurso da militância partidária e começou a procurar outra coisa. É
bom lembrar que é nesse período que, infelizmente, começa a surgir a prática do
consumo de drogas na América Latina, talvez em substituição, nesse período que
se vivia, a coisas que ficaram proibidas. O Caio veio de Santiago para Porto
Alegre com pouco mais de 18 anos; de Porto Alegre foi para são Paulo, onde
encontrou um apoio forte, a proteção da escritora Lígia Fagundes Telles, o que
foi fundamental para o desenvolvimento da literatura de Caio Fernando Abreu.
Depois, ele teve experiência de América Latina, mas, sobretudo, uma experiência
de Londres, que foi fundamental para a obra dramática que ele passou a desenvolver
- algumas peças de teatro são brilhantes - e há, ainda, os contos que nós
conheceríamos nos livros que ele editaria posteriormente. Retornando ao Brasil,
continuou em São Paulo, sem perder, contudo, o contato com Porto Alegre, tanto
que escolheu a Cidade de Porto Alegre, nem a cidade natal dele, para passar os
últimos tempos que ele teria de vida, já foi vítima de AIDS.
Caio é uma dessas tantas vítimas, não apenas da doença, mas eu diria,
muitas vezes, do preconceito que temos com relação à doença, e nesse sentido
com extrema dignidade, Caio Fernando Abreu após constatada a sua situação fez
questão de assumi-la, discuti-la, colocá-la na roda para prestar um serviço,
que não conseguimos avaliar o quanto terá de conseqüência, que era dizer: “eu tenho essa doença e
alertar outros jovens, outros cidadãos, que se cuidem, que acreditem, sem
nenhum falso moralismo, essa é uma doença que mata”.
Ironia suprema nesses últimos dias, o Caio, que tinha um amor à vida fantástico,
decidiu que ia para a praia, independente de sua situação, e na praia ficou com
uma dor de dente, e essa dor de dente o matou no dia de ontem. Porque a
infecção, contra a qual ele tinha mais defesas, imediatamente se transformou
numa série de outras infecções, e a partir daí não houve a resistência
necessária de seu corpo já doente.
Vi, hoje, uma coisa que me marcou muito, de outro lado, se a gente está
triste com a morte do Caio, a gente viu pessoas de vários segmentos, pessoas
anônimas que foram até o cemitério, tínhamos escritores, intelectuais, enfim
pessoal de teatro, música, com quem o Caio conviveu, mas o que talvez foi mais
bonito, mais significativo, porque demonstrou sobretudo quanto a literatura do
Caio atingiu aos jovens da sua geração, e a todos os demais, independente de
sua contemporaneidade, é que tínhamos pessoas que talvez não tiveram
oportunidade de chegar mais perto do escritor, talvez o quanto muito tinham ido
até uma Feira do Livro pegar um autógrafo seu, e que foram lá hoje para dar um
adeus ao Caio, atirar uma pétala de flor ou deixar apenas sua presença, seu registro
no Cemitério São Miguel e Almas.
Tenho certeza, casualmente nessas férias tive oportunidade de ler o
último livro do Caio, de contos “Ovelha Negra”, contos reunidos pelo escritor
ao longo de toda a sua vida e onde podíamos ver a evolução da literatura que o
Caio produziu, o quanto esse homem havia amadurecido enquanto escritor, o seu
olhar sobre o mundo. Acho que isso será sua grande contribuição. Porque não
tenho dúvidas que daqui a um século, quando escrevermos sobre a literatura do
Brasil, do Rio Grande do Sul, Caio Fernando Abreu será um nome de referência
nessa literatura. Queria fazer esse registro, porque não queria deixar passar
em brancas nuvens, apesar da homenagem feita anteriormente, o passamento de
Caio Fernando Abreu. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerramos os trabalhos da
presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h03min.)
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